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sexta-feira, 15 de abril de 2011

ANTONIO LÔBO ANTUNES

Tudo o que nos abandona precisa de muito tempo para desaparecer

8:15 Quinta feira, 24 de Mar de 2011

Porque razão não voltaste a telefonar e me deixas assim, suspensa, à tua espera? Nem para o emprego
(conheces o número do emprego)
nem para casa, sabes que estou sozinha, não recebo ninguém, uma amiga de tempos a tempos que não impede que ligues, quando muito saio uma hora ou duas ao sábado para visitar a minha mãe, nunca vou ao cinema, nunca janto fora, como qualquer coisa por aqui, leio uma revista
(nem leio uma revista, folheio, vejo as fotografias e é tudo, ou antes nem vejo as fotografias, fico a pensar em ti)
poiso a revista, abro a televisão, fecho a televisão, vou à janela espreitar a rua, penso que é o teu carro a estacionar lá em baixo e nunca é o teu carro a estacionar lá em baixo, nunca és tu a fechar a porta com o comando eléctrico e as luzes do automóvel a acenderem-se e a apagarem-se, nunca são os teus dois toques de campainha, nunca é o teu aceno no capacho nem o embrulhinho de biscoitos de que não gosto e me forço a comer e a fazer dieta no dia seguinte dado que os biscoitos engordam, nunca é a tua mão no meu ombro
- A minha menina
o teu perfume, a tua maneira de acomodar o rabo no sofá, a tua aliança que apesar de normal me parece sempre enorme e me dói, não tenho coragem de te confessar que me dói mas dói, conforme me doem as tuas mentiras
- Há anos que não há nada entre nós
que me obrigam a perguntar, calada, se entre nós há alguma coisa, vinhas uma ou duas ocasiões por mês, não ficavas nunca e, no entanto, bastava-me, não peço muito à vida, não peço seja o que for à vida, acostumei-me, não tenho motivos para lamentar-me, o que ganho chega, graças a Deus a saúde não me tem faltado apesar do problema da coluna, tomo as injeções no posto médico e as coisas vão andando, o creme que me receitaram na farmácia ajuda, o apartamento claro que não é grande mas para mim sozinha chega e sobra, não existe uma prestação por pagar, arranjo sempre um dinheirito ao fim do mês, volta e meia compro um vestido, uns sapatos, os vizinhos não fazem barulho, há agora um bebé no primeiro direito mas sossegado, tenho saudades tuas, Ernesto, mesmo com a aliança tenho saudades tuas, no outro dia vi-te com a tua mulher no supermercado e apesar disso consegui fazer as compras todas, uma pessoa da minha idade, talvez maior, mais bonita, achei esquisito não haver nada entre vocês há anos e embora ache esquisito acredito em ti
- És a minha menina
preocupo-me com o teu coração sempre que levas a mão ao peito, tiras um comprimido de uma caixinha, me pedes água, me ofereces um sorriso pobre
- Ferrugem na máquina
e a seguir melhoras, suponho que o comprimido limpa a ferrugem toda, aflijo-me com a tua palidez, com o dedo a medir a pulsação julgando que não noto, como podia não notar, tudo o que te aflige assusta-me, não te aborreço
- Que ferrugem na máquina?
para que não te sintas velho ou inútil, suponho que tens sessenta anos e portanto uma vida inteira à frente, o emprego deve cansar-te, as maçadas, quando menos se espera descais-te num suspiro
- A minha filha não há maneira de ter juízo
e ignoro o que, na tua ideia, não ter juízo seja, fico calada, é evidente, trago-te aquele licor fraquinho que tu gostas, faço-te festas no pescoço, a medo, com receio de maçar-te, não reclamo seja o que for, não mendigo seja o que for, só desejava que de tempos a tempos te lembrasses de mim, há sete meses que nem uma palavra, inquieta-me que a ferrugem haja aumentado e estejas na sala de espera de uma consulta, emagrecido, pálido, digo
- Ernesto
em voz alta como se dizer
- Ernesto
te melhorasse, comove-me que andes a perder cabelo, que o nó da tua gravata um bocadinho torto, que uma tremura no queixo, pode ser que mais de sessenta anos, sessenta e cinco, setenta e apesar de setenta a vida inteira à tua frente à mesma, o que eu não dava para te ter aqui um momento, um minutinho, um instante, na tua última visita trazias dentes novos que te tornavam mais vigoroso apesar de mal pegados à gengiva e a incomodarem-te que se percebia por estares constantemente a empurrá-los com a língua, oxalá encontres um pó que segure a placa, a minha mãe usa um pó que segura lindamente a placa, repara-se que placa mas firme como uma lapa no queixo, mastiga de tudo, não te agradava ficar um momento comigo no sofá, não te anima o licorzinho, a quantidade de vezes que digo em voz alta, aqui em casa
- Ernesto
na esperança de um sorriso teu, mesmo pobre, mesmo aflito, na esperança de
- A minha menina
e eu, sem coragem de responder
- O meu rapaz
digo
- O meu rapaz
para dentro, não me sai, não consigo, faço tanta cerimónia, não me atrevo a procurar-te, a tentar saber de ti, a incomodar, a protestar
- Que aliança tão grande, Ernesto
eu que não casei nunca, uns namoricos, umas cartas cerimoniosas, um domingo, durante uma excursão no norte, um
(desculpa)
beijo, estava guardada para ti desde sempre, guardada para ti, Ernesto, seria incapaz de me imaginar com outro homem, continuo à tua espera, sabias, que arrumes o carro, subas, me garantas
- A minha menina
enquanto verificas se trazes a caixinha dos comprimidos no bolso, pode parecer-te parvo mas adorava acariciar a caixinha, não te rias de mim, ou antes não levantes na minha direção o teu sorriso pobre e a tua desculpa
- A ferrugem
mesmo que fosses um parafuso todo escuro adorava-te, guardada para ti desde sempre, a comer qualquer coisa sozinha, a folhear uma revista, a fechar a televisão, a deitar-me, guardada para ti, Ernesto, podes ter a certeza, desde o princípio do mundo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

PORTUGAL

Todos os miradouros de Lisboa em sua casa

Portugal fez-se presente.
Entrou na minha alma com força,
Vivo a dualidade: esquecê-lo, ou lembrá-lo todos os dias.....
Não encontro meio termo, embora procure sempre.
A "ordem natural das coisas", como tembém dizia minha mãe,
fará o tempo varrer muitas lembranças,
ficam aquelas suaves, que não trazem saudades,
nem suscitam desejos infindáveis.
Lembranças de cada miradouro, cada olhar a esta terra,
onde poesia, encanto e sensibilidade, eram presentes.
Cada companhia, os amigos,
E nas mãos de quem descobri cantos, encantos,
PORTUGAL.
Carmen Bastos


Uma experiência interactiva desenvolvida pelo Turismo de Lisboa,
que lhe permite admirar as melhores paisagens da cidade, sem sair do lugar.
Lusa - Esta notícia foi escrita nos termos do Acordo Ortográfico
16:10 Quinta-feira, 15 de Abr de 2010

Dez dos mais emblemáticos miradouros de Lisboa

estão à distância de um click no portal do Turismo de Lisboa,
numa experiencia interativa que permite ao utilizador
descobrir todo o património da cidade
como se estivesse no local.
Alguns dos cenários panorâmicos mais emblemáticos da capital portuguesa

podem ser vistos a partir de hoje em qualquer lugar e a qualquer hora
no site www.visitlisboa.com, graças a um sistema de miradouros virtuais interativos
que simula o movimento ocular do utilizador,
permitindo que cada pessoa possa modificar os ângulos
e campos de visão à medida da sua curiosidade.
Mais do que desfrutar da paisagem dos miradouros de Monte Agudo,

Penha de França, Torel, Parque Eduardo VII, Elevador de Santa Justa,
São Pedro de Alcântara, Graça, Nossa Senhora do Monte, Santa Luzia
e Castelo de S. Jorge, os cibernautas têm também a possibilidade
de conhecer as principais características de Lisboa.
Conheça os miradouros virtuais
AQUI

VISÃO/PT

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Assim como homenageio a Vinicius, Mario, Adélia, Chico, Cora, e tantos outros,
gosto de escrever e falar do que aprecio,
da poesia simples e cristalina,
da palavras que tanto me emocionam.
Parabéns Maria!
www.ocheirodailha.blogspot.com

Os dias do verbo amar

Sei dos caminhos enviezados da vida
que lentamente se desfazem no mar
dos dias sim da alegria vivida
dos dias não que teimam em não cessar
Mas já não sei dos dias do verbo amar
Sei dos escolhos que a vida nos oferece
que lentamente se desfazem no mar
das ausências que a solidão tece
e das certezas que nos fazem sonhar
Mas já não sei dos dias do verbo amar
Sei das noites amargas sem o toque da pele
que lentamente se desfazem no mar
dos corpos cansados do amor e do mel
e das lágrimas que saltam do meu olhar
Porque já não sei dos dias do verbo amar.

domingo, 2 de maio de 2010

PORTO

PORTO , PARTO,
PARTIDA,
OU PERMANEÇO,
ESTIVE, ESTOU,
ONDE ESTAREI?
LEMBRANÇAS, OUTRORA,
TEMPO DEIXADO,
ARRANCADO, MARCADO,
ONDE FIQUEI, FUI,
OUTRA LEMBRANÇA,
DEIXEI,
PARTI.



Impossível esquecer o Porto,
Impossivel esquecer lembranças,
Quase só,
Impossível mesmo partir,
Ribeira, Vila Nova de Gaia,
O caís, o rio, os barcos,
A grama, o correr nas pedras antigas,
Paralepípedos,
Impossível esquecer o Porto do ano atrás,
Impossível lembrar sem emoção,
Saudadear!
Sentar no caís, correr apressada,
olhar as pontes e ter mêdo de partir....
Porto















Descobrindo Douro

terça-feira, 16 de março de 2010

TEMPO





Santa Cruz/ Portugal










*****************************

....TEMPO

O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...
Mário Quintana

O tempo não só cura, mas também reconcilia.
Victor Hugo

O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada,
o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.
Martha Medeiros


Tempo, tempo, tempo, tempo........
Hoje faz exatamente um ano que cheguei a Lisboa.
Dei-me conta do quanto rapidamente passou esse ano.
Outro dia, outras horas, outros momentos.
Apreciava a luz do céu de Lisboa,
olhava maravilhada o por do sol tardio,
e encantava-me com as praias e suas águas frias,
Luminosas e cheias de esperanças.
Apreciava a Lagoa de Óbido
E a Foz do Arelho,
Apreciava as falesias de Santa Cruz,
Vistas do alto,
E a beleza da Praia Azul,
Onde a mim pertencia tanta imensidão.
Apreciava os pinheirais,
as praias desertas da costa portuguesa,
Apreciava o tempo correndo,
E antevia o fim..............

sábado, 6 de março de 2010

ANTÓNIO LÔBO ANTUNES

Ó pastorinha de vitral e bruma

agora, que ela tem noventa anos, olho-a e não a vejo com a sua idade,
vejo uma rapariga, igual à dos retratos antigos,
alguns mais antigos que eu, às vezes contente, às vezes séria,
ainda menina, ainda adolescente, ainda jovem mulher

4:50 Quinta-feira, 4 de Mar de 2010

A minha mãe diz que na altura em que eu era bebé lhe doía a boca de me dar beijos.
Não me lembro deles mas alguma parte minha deve ter saudades
desse tempo porque sinto a falta de qualquer coisa que não sei exprimir,
qualquer coisa leve e doce, um contacto, palavras, cheiros,
uma espécie de ninho de que eu fosse o ovo feliz, um ovozito de nada, pintalgado, minúsculo.
É curioso: agora, que ela tem noventa anos, olho-a e não a vejo com a sua idade,
vejo uma rapariga, igual à dos retratos antigos, alguns mais antigos que eu,
às vezes contente, às vezes séria, ainda menina, ainda adolescente, ainda jovem mulher.
Um desses retratos, não sei bem qual, foi tirado num fotógrafo que pôs uma cópia na montra.
Ao passar pela montra, tempos depois, o meu avô não deu com ele.
O homem da loja acabou por confessar tê-lo vendido a um estudante
que se apaixonara por aquela imagem.
Resultado: cena do meu avô ao fotógrafo e atrapalhadas explicações do sujeito
que prometeu recuperá-lo.
Semanas depois apareceu a devolver o papel, desfeito em desculpas,
no medo que o meu avô o devorasse à dentada.
Nas costas, a lápis, o rapaz escrevera uns versos de António Sardinha

Ó pastorinha de vitral e bruma
Que sobre mim a tua graça entornes

e, ao repetir estes versos, a minha mãe iluminava-se, de tão feliz.
Nunca o disse mas estou seguro de haver sido o que de mais bonito lhe aconteceu na vida
(o meu pai nem sequer tocava ao entrar em casa) e que,
toda a sua existência, este episódio a acompanhou,
e acompanha ainda, como uma lâmpada secreta.
De quando em quando recito-lhe poemas de António Sardinha

Seguem-te os alicornes mansamente
Pastando neve na montanha azul

e ela, de pálpebras descidas, a sorrir.
Este episódio, quando a minha mãe era pouco mais que uma criança,
ficou-lhe para sempre na alma, e o tal estudante tornou-se
como que o halo de um ideal que não chegou a viver.
Trazia uma assinatura por baixo, contava ela, mas o teu avô apagou-a,
e a lembrança da assinatura apagada ensombrecia-a.
A voz tornava-se-lhe mais lenta
- Nunca soube quem era
e depois vieram muitos filhos, desgostos, o casamento com um homem difícil,
meia dúzia de coisas boas, espero, e as palavras de António Sardinha
a mostrarem-lhe o que devia existir e não viveu nunca:

Se eu te pintasse posta na tardinha
Pintava-te num fundo cor de olaia;
Na mão suspensa, nessa mão que é minha,
O lenço fino acompanhando a saia
a minha mãe, depois de silêncios compridos, um
- Pois é

baixinho com um mundo inteiro dentro, cheio de tudo o que não sucedeu.
Seriam para mim, mãe, os beijos que lhe faziam doer a boca?
Seja sincera, eu não me importo.
Ou então, se calhar, só uma parte me cabia.
A outra destinava-se a uma assinatura apagada pelo meu avô,
um estudante que a ajudou a sonhar anos e anos

Deixa cair dos lábios de medronho
A perfumada voz do nosso sonho
Mas tão baixinho que só eu entenda

diante da injusta dureza dos dias. Ao pensar nisto, sabe,
acho que a compreendo melhor: o desejo de ser idealmente amada,
a magra consolação

- Valeu a pena casar-me pelos filhos que tive
e a possibilidade de se aproximar de um rapaz tão romântico, tão sensível, e que,
segundo o fotógrafo, se desfez em desculpas aflitas. Como seria ele, não é, mãe?

Vejo-te assim, ó asa de andorinha,
Com ar de infanta que perdeu a aia
Envolta nessa luz que te acarinha
Na luz que desfalece e que desmaia

Sabe, não se preocupe, continua a ser a pastorinha de vitral e bruma,
a palpar o caminho quase cega, ou numa cadeira da sua saleta, à espera de nada.
Ou, então, na esperança oculta que o estudante que comprou o retrato na loja, lhe chame,
ao ouvido, pastorinha de vitral e bruma e os seus olhos tornem a ver,
os membros difíceis se desatem, não precise de remédios nem de médicos para nada e,
envolta numa luz que a acarinha, se dirija não sei para que sítio,
onde um júbilo sem manchas a espera.
De uma das últimas vezes perguntei
- Como se sente?
uma espera difícil
- A desfazer-me aos bocados
e, palavra de honra, tive ganas de ser eu o estudante,
rodeado de alicornes a pastarem neve na montanha azul:
nesse caso, percebe, podia pegar-lhe na mão,
nessa mão que é minha entornava a sua graça sobre mim e partíamos os dois

Linda menina ingénua de Velásquez
A flutuar num mar de seda e renda

sem tocarmos no chão, desprovidos de peso, no sentido do lugar onde está o seu pai,
a sua mãe, os seus manos, tudo aquilo que desejou e não teve, que quis e não lhe foi dado.
Claro que sou apenas seu filho: mas talvez que se lhe doer a boca de me dar beijos valha a pena. Guardo alguns no bolso para o caso do rapaz que comprou a fotografia aparecer.
Então entrego-lhos
- A minha mãe manda isto
e aposto que os seus olhos, por um momento que seja, o conseguirão ver,
enquanto eu fico, um pouco à parte, tão comovido com a sua beleza,
a repetir não para si, para mim

Se eu te pintasse posta na tardinha
Pintava-te num fundo cor de olaia

e nunca mais ninguém a torna triste.

ANTÓNIO LÔBO ANTUNES, publicado em Visão, PT, em 4/03/2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

QUEM?

— Ah! as primeiras flores, como são perfumadas!
E como em nós ressoa o murmúrio vibrante
Desse primeiro sim dos lábios bem-amados!
Paul Verlaine, in "Melancolia















quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O LUGAR NO TEMPO...

SAUDADES DE ONDE FUI.......

Lisboa, Caldas da Rainha, Sintra, Porto, Torres Vedras, Santa Cruz,
São Martinho, Nazaré, Ericeira, Cascais, Oeiras, Foz do Arelho, Óbidos,
Troia, Setubal, Aveiro, Douro, Batalha, Alcobaça, Palmela,
Peniche, Sesimbra....e tantos outros que me dão saudades,
e a certeza de voltar!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Conhecí uma pessoa sensível (Sara),
escreve de forma sensível e especial.
A internet como a vida, nos surpreende,
e nos faz encontrar e fazer amigos,
pessoas que como nós vivem suas histórias.
Faço das suas, as minhas palavras!

"Não importa o quanto a vida nos obriga a ser sérios...
Todos nós procuramos alguém para sonhar... brincar...amar
e tudo o que precisamos é de uma mão para segurar
e um coração para nos entender".


Neste preciso momento, em algum lugar do mundo,
é de dia e o sol brilha.
Neste preciso momento, em algum lugar do mundo,
alguém observa as formas fantásticas que as nuvens desenham no céu azul.

Neste preciso momento, em algum lugar do mundo,

alguém sorri e alguém chora, alguém ama e alguém sofre,
alguém acabou de despertar no preciso momento em que alguém adormecia,
alguém nasce e alguém morre,
alguém contempla as estrelas
e alguém observa o nascer de um novo dia.

Neste preciso momento, em algum lugar do mundo,

alguém sofre com fome, enquanto outros desperdiçam,
alguém gela com frio, enquanto o agasalho ganha pó
no esquecimento de um qualquer canto do armário,
alguém enlouquece, exposto aos horrores da guerra,
enquanto outros se acomodam, despreocupados, a mais um perguiçoso dia de Paz.

Neste preciso momento, em algum lugar do mundo,

alguém desabafa com o mar,
alguém se abandona à chuva, fundindo-se com as suas lágrimas,
alguém procura magia por entre as páginas de um livro,
ou na ternura de um olhar, alguém procura calor no conforto de um abraço.

Neste preciso momento, em algum lugar do mundo,

estás tu que me és destinado, tu que ainda não sei sequer quem és.......
Sara Costa e Silva

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

FADOS

FADOS/ 2006

Música,
Esperança,
Saudade,
Dor,
Mágoa,
Ansiedade,
Melancolia,
Tristeza,
Um filme sobre a nossa alma!

“Fados” é o novo filme de Carlos Saura (Mundo Lusíada)
O projeto de filme do cineasta Carlos Saura, “Fados”,
traz uma mistura de Brasil, Portugal e África nesta produção
destacando o gênero musical que se tornou
uma referência de patrimônio cultural dos portugueses no mundo.
Muitos artistas e fadistas participarão do filme como Mariza,

Camané e Carlos do Carmo.
deles, englobam o elenco Argentina Santos, Ana Sofia Varela,
Pedro Moutinho, Ricardo e Fontes Rocha.
Entre os artistas estrangeiros que participam,
estão a caboverdiana Cesária Évora,
os brasileiros Toni Garrido, Caetano Veloso,
que irá interpretar o fado "Estranha Forma de Vida", de Amália Rodrigues,
Chico Buarque, apresentando uma versão moderna do "Fado Tropical".

A cerimônia de apresentação do filme aconteceu em Lisboa,

no Palácio da Mitra, em 13 de dezembro de 2006.

Fado do Brasil

Segundo Carlos Saura, o fado na verdade surgiu no Brasil,
apesar de ser um gênero de atavismo português,
numa mistura de modinha européia com lundu africano
(ritmo musical criado a partir dos batuques dos escravos africanos
trazidos ao Brasil).
Os brasileiros escolhidos para participar do projeto,
já de conhecimento de Saura, foram indicações do produtor Ivans Dias,
que assistiu Toni Garrido em “Orfeu”, filme de Cacá Diegues.
“É interessante mostrar como Portugal e África se misturam no Brasil,
com um resultado cultural interessante” disse Saura.
Já Chico Buarque participa do projeto cantando “Fado Tropical”,
gravado com o diretor e historiador Ruy Guerra,
num estúdio em Madri.
Por sua vez, Caetano Veloso interpreta “Estranha Forma de Vida”,famoso na voz de Amália Rodrigues.
Mas é Toni Garrido que abre o filme “Fados”
interpretando “Menina, o que Tens?”,
um lundu de autor desconhecido.
A história se passa na época do refúgio da família real portuguesa ao Brasil,
por causa das tropas de Napoleão Bonaparte, quando o fado teria nascido segundo alguns historiadores.
O nome do filme vem no plural, de acordo com Saura,
por causa dos vários tipos de fado.
E os brasileiros irão auxiliá-lo nessa demonstração,
na origem do gênero e mistura de culturas,
com o “Fado Tropical” de Chico Buarque,
com o sucesso de Caetano Veloso em Portugal e na Espanha,
e com um grande exemplo da mistura Portugal-África, Toni Garrido.


Assistam o trailler, e depois o filme!

http://cinema.uol.com.br/ultnot/multi/2009/10/14/04023270D8915366.jhtm?trailer-do-filme-fados-04023270D8915366

sábado, 2 de janeiro de 2010


Mais uma vez volto a poesia de Sophia de Mello Breyner Andersen.
Cada releitura, uma surpresa e uma descoberta.
Gostaria muito de ler uma biografia sobre ela,
não sei se há. Vou a busca e depois conto.

Encontrei uma página no jornal brasileiro "A Folha de São Paulo",
onde tem a notícia de sua morte,
e onde descubro mais desta mulher forte e apaixonda,
pela vida, pelas causas, pelo país e pela poesia.

05/07/2004 - 09h29
Sophia de Mello Breyner deu vigor à poesia sobre o homem moderno

MANUEL DA COSTA PINTO

Colunista da Folha de S.Paulo

A escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen
-que morreu na última sexta-feira em Lisboa, aos 84 anos-
pertencia à primeira geração de poetas que surgiram
à sombra incomensurável de Fernando Pessoa
e sob o impacto do grupo Presença
(que consolidou o modernismo em Portugal).
Isso equivale a dizer que a autora de livros como "Mar Novo" (58)
e "O Nome das Coisas" (77) deu continuidade e vigor
a uma poesia marcada pela indagação metafísica
sobre a condição problemática do homem moderno.
Porém, ao contrário de muitos daqueles autores,
que associavam a experiência de choque da modernidade
ao prosaísmo e ao sarcasmo,
Sophia imprimiu em sua poesia um tom mais solene,
em que o ofício da escrita equivale à busca do absoluto
-sem contudo se divorciar do mundo concreto,
mas buscando nas coisas elementares um tipo de sacralidade.
Como escreveu o crítico Eduardo Lourenço,
"quando se aproxima das coisas e avidamente procura "sempre" mais coisas,
não é apenas o real que pretende alcançar,
mas sobretudo a aliança primitiva (...),
a ordem simbólica onde esse real adquire sentido e verdade.
Entre a ordem simbólica e a aliança, a identidade é absoluta".
Nascida no Porto, contemporânea de nomes igualmente importantes
como Jorge de Sena, Eugénio Andrade, Mário Cesariny
e Alexandre O'Neil, manteve diálogo não só com Pessoa
(principalmente a partir de "Dual", de 72),
mas também com as celebrações órficas de Hölderlin e Rilke.
De certo modo, como observou a ensaísta Clara Rocha,
a obra de Sophia pode ser vista como uma longa
e fragmentária resposta ao célebre verso de Hölderlin:
"Para que poetas em tempo de indigência?".
Seus livros correspondem à busca de uma espécie de graal da linguagem,
de um mundo e um tempo utópico, fechado em si mesmo,
anterior à separação entre deuses e homens,
essência e substância, ser e ente:
"Exilamos os deuses e fomos/ exilados da nossa inteireza".
Ao mesmo tempo, por trás dessa nostalgia
de uma Idade do Ouro da poesia
há a consciência crítica que detecta
as causas do desencantamento do mundo no "capitalismo das palavras"
e nas "hidras de mil cabeças da eficácia que se avaria"
-ou seja, na transformação do homem
e da linguagem em utensílios tecnológicos.
Tal obra, entretanto, não se limita à poesia.
Além de ser autora de livros de ficção e infanto-juvenis,
Sophia também manteve um importante trabalho de reflexão
sobre a literatura, como na série de aforismos "Arte Poética",
no ensaio "O Nu na Antigüidade Clássica" ou em artigos,
como o que dedicou em 1958 à poeta Cecília Meireles
-não por acaso, a escritora brasileira que mais se aproxima
de sua procura de um lirismo essencial.
Soma-se a essa produção uma prosa que traz ecos do surrealismo,
como "Contos Exemplares", cujo título alude explicitamente
às "Novelas Exemplares" de Cervantes
e no qual encontramos parábolas sobre o embate
entre o Bem e o Mal ("O Jantar do Bispo")
ou sobre a reaparição de Cristo, que passeia despercebido
pelas ruas do Porto ("O Homem").
Esses contos representam parcela menor
na literatura de Sophia de Mello Breyner Andresen,
mas ajudam a entender, pelo tom alegórico,
o conjunto dessa obra que recebeu em 1999
o Prêmio Camões, mais importante honraria da língua portuguesa.

"Destróis todas as pistas que nos salvam
Tapas os caminhos que vão dar a casa
Cobres os vidros das janelas
Recolhes os cães para a cozinha
Soltas os lobos que saltam as cancelas
Pões guardas atentos espiando no jardim
Madrastas nas histórias inventadas
Anjos do mal voando sem ter fim
Destróis todas as pistas que nos salvam
Depois secas a água e deitas fora o pão
Tiras a esperança
Rejeitas a matriz
E quando já só restam os sinais
Convocas devagar os vendavais
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem"


Sophia de Mello Breyner Andresen










Porto, maio/2009

Exatamente onde nasceu Sophia,
em 1919.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Na minha terra
há uma estrada tão larga
que vai de uma berma à outra
Feita tão de terra
que parece que não foi construida.
Simplesmente descoberta.
Estrada tão comprida
que um homem pode caminhar sozinho nela
É uma estrada
por onde não se vai nem se volta
Uma estrada
feita apenas para desaparecermos.

Mia Couto, nasceu na Beira, Moçambique.
É professor, biólogo, escritor.
Está traduzido em diversas linguas.
"Terra Sonâmbula" foi considerado por um juri,
criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe,
como um dos melhores livros africanos do século XX.

No inicio
eu queria um instante.
A flor
Depois
nem a eternidade me bastava.
E desejava a vertigem
do incendio partilhado.
O fruto.
Agora,
quero apenas
o que havia antes de haver vida.
A semente.











Cabo da Roca/ Portugal





quinta-feira, 1 de outubro de 2009

"Minhas alegrias são intensas.
Minhas tristezas, absolutas.
Me entupo de ausências, me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito, só vivo nos excessos." Clarice Lispector


A primeira vez que vi as glicínias estava em Óbidos,
foi amor a primeira vista.
A segunda vez foi em Sintra, confirmei o amor,
A terceira vez em Caldas, da Rainha, pois sim,
Mas não consegui nomeá-las.
Esta semana voltei a encontrá-las,
Chamo-as glicínias,
Ponho-as aqui,
divido a beleza rara destas flores,
sabem ser delicadas e fortes, vigorosas,
Suaves e evidentes, marcantes,
Continuo encantada!

Recebí muitas, mesmo que virtuais!
Tem perfume, cheiram delicadeza, sensibilidade.







Glicínias























Foto minha em Óbidos,
primeiro olhar sobre as glicínias.










domingo, 27 de setembro de 2009

PORTUGAL - BRASIL
A língua portuguesa é uma língua românica
que se originou no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal.
É derivada do latim falado pelos povos pré-romanos da Península Ibérica (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios), a cerca de 2000 anos atrás.
O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial (1415-1999)
que se estendeu do Brasil, nas Américas, a Goa,
e outras partes da Índia, Macau na China e Timor-Leste.
Foi utilizada como língua franca exclusiva na ilha do Sri Lanka por quase 350 anos.
Durante esse tempo, muitas línguas crioulas baseadas no Português
também apareceram em todo o mundo,
especialmente na África, na Ásia e no Caribe. (weikipédia)

**********************************

Na minha estadia em Portugal, agradava-me conhecer
e usar as diferentes palavras do vocabulário.
Inúmeras foram por nós usadas a tempos atrás;
lembro-me dos mais velhos, dos meus tios avós
e dos livros que permeiaram minha adolescência:
Machado de Assis, José de Alencar, e por aí vai.
Muitas palavras sabemos o siginificado porém não as usamos mais.

Gostava imensamente de cada dia que assimilava uma palavra nova
e curtia, porque sentia igual curiosidade dos portugueses com os quais convivia.
Era curioso saber o significado das palavras e comfrontá-las com as nossas.
Para mim era motivo de alegria e de descoberta.

Ao chegar comecei a escrever uma relação das palavras
e também de expressões usadas,
muitas interessantíssimas, e até engraçadas.
Algumas foram causadoras de momentos de muito graça e surpresa,
sem entretanto causar problemas na comunicação
Observo que a "nossa lingua portuguesa" é belíssima, única.

Aqui vou postar aos poucos o meu vocabulário lusitano,
até porque não quero esquecê-lo!

Desporto = esporte
Montra = vitrine
Chávena = xícara
Tipa = pessoa, mulher vulgar, (aquela tipa) aquela pessoa.

Gajo = rapaz, homem (expressão vulgar para designar um rapaz ou homem)
Porreiro = legal, bacana
Carraças = bicho de cachorro
Fato = roupa

Facto = fato
colunas de som = caixas de som
Dioptrias = o valor das lentes necessárias à correcção da visão - a lente tem x dioptrias.
Análises = exames de laboratório
Praceta = praça pequena

Lomba = lombada
Carrinha = caminhonete, carro maior tipo van.
Contentores = containers
Vulgar = comum
Tabaco = cigarro
Papelinho = papelzinho

solinho = sol
Registo = registro
Acantonamento = acampamento
Parvo = pouco inteligente
Parvoíces = bobagens, burrices
Esgroviada= histérica
Oiça = ouça
Aguarela = aquarela

Vulgar = comum
Fartar-se = cansar
Apetecer = ter vontade
Morada = endereço
De certeza = certamente
Imenso = imensamente
Na altura = na época
Peneiro = peneira
Picar = clicar
Actriz = atriz
Correio = e-mail
Atirar culpas = culpar
Perceber = Compreender
Mediadora Imobiliária = Imobiliária
Tinteiro = cartucho impressora

Resultar = dar certo
Fumo = fumaça
Húmida – úmida
Duche = Ducha, banho

Casa de banho = banheiro
Se calhar = provavelmente, se possível
Peluche = pelúcia
Clementina = tipo de tangerina
Fino = chop
Badalhoca = porca, ordinária
Ralhete, raspalhete = bronca, carão
Paneleiro = homem gosta de homem
Paneleirices = bobagens
Resguardo = capa de colchão
Borla = grátis
Durex = preservativo
Lamechas = melosos
Levantar dinheiro = tirar dinheiro
Fumador = fumante
Caminhonista = caminhoneiro
Guarda rêde = goleiro
Ginásio = academia
Mola de roupa = pegador de roupa

Avançado = artilheiro
Passadeira = Esteira (academia)
Passadeira = Faixa de pedestre
Canalizador = Escorredor
Mundial, taça do mundo = copa do mundo
Auto estrada = pista dupla
Auto carro = ônibus
Comboio = trem
Totó = pessoa curta, burrinha

Bebé = Bêbê
Tapete rato = mouse pad
Iniciados = iniciantes
Carocha = fusca
Pela rama = seperficialmente
Resiliência – flexibilidade
Lixívia – K-boa, água sanitária
Esferovite = isopor
Argália = sonda
Argaliado = estar com sonda

telemóvel = celular
Portátil = laptop
Cancro = câncer
Ramboia = fazer farra
Nabiça = iniciante, caloura
Nabiça = folhas como couve
Apetecer = ter vontade
Aceite = aceito
Médium = meio
Barbequim = furadeira
Fartar = cansar, estar cheio de alguma coisa
Tasca = bar, boteco
Fita colada = durex

Esferovite = isopor
Bica = cafezinho
Bica alta = café cheio
Atabanado = média com leite
Cueca = calcinha feminina e cueca
Tem a mania = pessoa gabola, metida
Peão = pedestre
Hospedeira = Comissária de Bordo
Facto = fato
Expetativa = expectativa
Receção = recepção
Equipa = equipe
Casa de banho = banheiro
Pastilha elástica = chiclete
Vernizes – esmaltes de unha
Gana = vontade
Malta = grupo de jovens
Carica = tampa de cerveja
Penso = bandaid
Penso higiênico = absorvente feminino
Bicha = fila
Puto = garoto, miúdo
Miúdo = criança, pessoa muito jovem
Capachinho = chapéu
Cú = bunda
Imperial = chop
Lume = fogo
Ponta = tesão
Pica = Injeção
Explicador = professor particular
Estomatologista = dentista
Pila = órgão sexual masculino
Propinas = impostos, taxas
Tô = alô
Rafeiro = vira-lata
Sala de chuto = onde os drogados se drogam
Cuscuvilhice = fofoca
Estendal = varal
Chumbar = perder o ano
Tensão = pressão
3 assoalhadas = com 3 quartos
Rés de chão = térreo
T3, t4 = apto de 3 ou 4 quartos
Lastra = placa
Deitar fora = jogar fora
Beata = toco de cigarro
Tirar macacos = tirar meleca nariz
Tirar nabos da púcara =
Púcara = panela de barro
Ponte = feriadão, o dia que é enforcado entre feriado e fim de semana
Fixe = bom, ótimo
Boé = muito bom
Caruncho = cupim
Carraças = hospedeiro, bicho de cachorro
ADN = DNA
SIDA = AIDS

coluna de som = caixa de som
amachucar = amassar
esplanada = local aberto, externo, onde ficam bares, restaurantes, etc

restauração = área de alimentação
praça da restauração = praça de alimentação
aceite = aceito

Espreitar = olhar
aterragem = aterrissar, pousar

levantamento = decolar, levantar voo
portátil = laptop
chapéu-de-chuva = guarda-chuva
cedências = coisas cedidas
pisco = míope

camisola = blusa, camisa
t-shirts = camisetas
contributo = contribuição
intervalando = dando intervalo
loiças = louças
formadora = orientadora de curso, professora
prenda = presente
fazer festa = fazer carinho, agradar
patine = pátina
mufla = forno
encarnado = vermelho
toiros = touros
oiça = ouça

aselha = ignorante

Vão-se aos copos = ir beber
Tás bem disposta?

Tas a ver =
Ta bem =
Anda cá, vem =
É diferente =
Fazes bem =
Logo se ver =
Não estou a perceber
Arranjar-se
Espreitar
Deixa estar
Sr.Doutore, sôdotore
És uma querida....
Deu uma branca....... (deu um branco...)

Ao pé de ti = junto de você
não me ligam nenhuma =

" dar uma volta ao bilhar grande " = mandar rodar










Comporta/TROIA / PORTUGAL




sábado, 26 de setembro de 2009


"Mesmo sem naus e sem rumos,
mesmo sem vagas e areias,
há sempre um copo de mar
para um homem navegar".


Jorge de Lima





sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PORTUGAL !!!!!!!!!!!

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas,
celebrado a 10 de Junho,
é o dia em que se assinala a morte de Luís Vaz de Camões em 1580,
e também um feriado nacional de Portugal.

terça-feira, 1 de setembro de 2009




Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas

terça-feira, 25 de agosto de 2009

NOTÍCIAS DIRETAS DE PORTUGAL

E VIVA AO AMOR..SEMPRE!
De Manuel Alegre ao Barão Vermelho, mas sempre amor!
Coisa Amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Por Você (Barão vermelho)

Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria à prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por vocêPor você, por você
Por você eu conseguiria até ficar alegre
Eu pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria à prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por vocêPor você, por vocêPor você, por vocêPor você, por você

E veja o que começou em PARATI (julho 2009)
e que fomos, eu, Tania e Milú,
"testemunhas oculares"....rsrsrsrsrsrs



















terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ao nosso comum que é tão raro!

Monte Castelo
Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).


Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja
Ou se envaidece...
O amor é o fogo

Que arde sem se ver
É ferida que dói
E não se sente
É um contentamento
Descontente
É dor que desatina sem doer...
Ainda que eu falasse

A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
É um não querer

Mais que bem querer
É solitário andar
Por entre a gente
É um não contentar-se
De contente
É cuidar que se ganha
Em se perder...
É um estar-se preso

Por vontade
É servir a quem vence
O vencedor
É um ter com quem nos mata
A lealdade
Tão contrário a si
É o mesmo amor...
Estou acordado


E todos dormem, todos dormem
Todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade...
Ainda que eu falasse

A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...









SINTRA, PT


sexta-feira, 19 de junho de 2009

VOLTANDO A CALDAS DA RAINHA, PORTUGAL,
COM IMENSA SAUDADE, SEMPRE!

Mensagens............
Chegam-me mansamente,
Trazem-me tanta coisa,
enchem-me de afeto.

Recebí escritos da Rita e do Manuel,
amigos muito queridos,
companheiros de tantas horas,
principalmente nas noites frias das Caldas,
onde muitas vezes nos seus colos me refugiei.
Talvez não suponham o tamanho da saudade
e da força das lembranças dos nossos momentos.

A Rita mandou-me duas poesias, belíssimas,
de quem eu não conhecia.
Chama-me de "enorme menina bonita"
e pede que eu continue a sorrir,
quando me sinto as vezes "pequenina", tão!

Escritor e poeta angolano,ONDJAKI

PARA VIVENCIAR NADAS
borboleta é um ser irrequieto.
para vestes usa pólen.
tem um cheiro colorido
e babas de amizade.
descola por ventos
e facilmente aterriza em sonhos.
borboleta tem correspondência directa
com a palavra alma.
para existir usa liberdades.
desconhece o som da tristeza
embora saiba afogá-la.
usa com afinidades
o palco da natureza.
nega maquilhagens isentas
de materiais cósmicos. como digo:
pó-de-lua, lápis solar
castanho-raíz, cinzento-nuvem.
borboleta dispõem de intimidades
com arcos íris
a ponto de cócegas mútuas.
parra beijar amigos e vidas ela usa olhos.
borboleta é um ser
de misteriosos nadas.


LÁGRIMA, GOTA LÁGRIMA (OU: TODAS DESPEDIDAS DO MUNDO)

lágrima é uma sensação que escorrega.
mundo está seco de coisas e trans-sensações
assim a lágrima presta-se
a desressequir o mundo.
porque:mundo está duro;
mundo está pedinchar molhadezas
que só amor tem num bolso;
mundo está ainda grande e tão pequenino já.
lágrima, afinal,é uma carinhosa correcção do mundo
e tem pontes com a amizade.
porque:sinónimo sincero de amizade é celebração.
assim mesmo, ela, húmida.
bem húmida.













RITA E CARMEN/ "Tasca da Albertina",CR, PT







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Manuel querido, emocionou-me com as palavras,
uma declaração de afeto e amizade;
amigo, não tenhas dúvida,
oceanos não afastam as pessoas
quando eles não desejam isto!






Ana, Manuel, Rita , Margu e Carmen