quarta-feira, 23 de dezembro de 2009


“Toda alegria longa e autêntica é severa.
O que não impede que a alegria seja leve
e tenha gosto de vinho.
Assim é a alegria.
Não cai do céu, nem salta do mar,
nem nos bate a porta de repente,
como a visita de um anjo.
Ela é o barco que projetamos e construímos,

no espaço do nosso tempo.
A alegria autêntica vai consistir em nos dispormos, embarcados, a serviço do ser.
Esse ofício é paixão e disciplina,

perseverança e esperança,
modéstia e embriagada lucidez.”
Helio Pellegrino (A Construção da Alegria)
A arte do ceramista pede a sabedoria do gesto.
Henri Focillon [1881-1943] publicou,
no final de seu livro "A Vida das Formas",
um "Elogio da Mão".
Escreve ali:
"Por elas (as mãos) o homem toma contato com a dureza do pensamento.
Elas liberam o bloco. Elas lhe impõem uma forma, um contorno e,
na própria escrita, um estilo".
Adiante: "A mão é ação: ela toma, cria e, por vezes, diríamos que ela pensa".


EXPOSIÇÃO VERÃO/2009























































































AOS NOSSOS QUERIDOS ALUNOS ,
AOS AMIGOS E COMPANHEIROS DO DIA A DIA,
DEDICAMOS NOSSO SUCESSO E REALIZAÇÕES!

































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Ensinar é aprender, não é transmitir conhecimentos
Ivone Boechat

Ensinar é aprender. Ensinar não é transmitir conhecimentos.

O educador não tem o vírus da sabedoria.
Ele orienta a aprendizagem, ajuda a formular conceitos,
a despertar as potencialidades inatas dos indivíduos
para que se forme um consenso em torno de verdades
e eles próprios encontrem as suas opções.

A etimologia revela que o substantivo aprendizagem

deriva do latim "apprehendere", que significa apanhar,
apropriar, adquirir conhecimento.
O verbo aprender deriva de preensão, do latim "prehensio-onis",
que designa o ato de segurar, agarrar e apanhar, prender,
fazer entrar, apossar-se de.

Ensinar: palavra latina insignīre, quer dizer "marcar, distinguir, assinalar".

É a mesma origem de "signo", de "significado".
A principal meta da educação se processa em torno da auto-realização.
Logo, ela propõe a reformulação constante de diretrizes obscuras
para alcance dos objetivos, comprometidos com a valorização da vida.
A educação carimba a sociedade que deseja ter !

O professor, como agente de comunicação,

transformou-se num dos mais pobres recursos e dos mais ricos.
Quando se imagina dono da verdade, rei do currículo,
imperador do pedaço, mendiga e se frustra.
Quando se apresenta cheio de humildade,
de compreensão e vontade de aprender, resplandece e brilha!

Os estudantes estão abastecidos por uma carga de informações

cuja capacidade de assimilação nem comporta.
O ser humano tem potência de semi-deus, com emoções de um mortal.
O avanço da era espacial em que vive tornou o homem angustiado pela consciência de sua fragilidade para absorver e superar os desafios à sua volta.
É mister que se reestruture o conceito de Escola ou se reconheça a sua derrota. Os que nela atuam não podem continuar a caminhar distantes da realidade,
em marcha lenta, porque assim, estão concorrendo para o fracasso.

Repetindo uma expressão muito antiga,

“a Escola não sabe a força que ela tem.”
Deve-se abolir, de imediato, a cultura do supérfluo,
selecionando conteúdos mais significantes e atuais.
Não se pode contribuir para que o desinteresse se instale e,
conseqüentemente, esvazie o espaço da aprendizagem permanente.
O educador deve se preparar para estar apto
perante a onipotência da máquina, e não se assustar com a sua eficiência.
Estar sempre atento aos transbordamentos da ciência
e não se embrutecer na resposta.

De que valem as "reformas" educacionais,

se mudanças radicais não ocorrem?
Elas passam, os problemas maiores continuam,
gerações se substituem e, no universo de perguntas não respondidas,
resultados positivos não se operam, muitas vezes.
Os enlatados culturais intoxicam como os outros,
se transformam em "pacotes culturais" e saem por aí,
empacotando a sensibilidade, a criatividade,
que tanto contaminam a educação.

Um exemplo? Entende-se barulho como música!

Poesia como cafonice, família como utopia, Pátria como sucata.
Quem ama educa, educar é educar-se a cada dia,
sem a pretensão de preparar para a vida.
O poder de adivinhar o futuro o educador não o possui.
Ele orienta, para que, em situações imprevisíveis,
se processem alternativas. Educar não é ensinar, é aprender.

Ivone Boechat é Professora em Niterói/RJ
ATELIER TERRA E COR - SALVADOR - BAHIA - BRASIL
O ano termina................
Mas um Ano Novo começa!
O atelier ganha cores mais vivas, prepara-se para a despedida.
Voltamos em 2010, com certeza! I'm sure............
Voltamos com novas idéias, novas criações,
novo ânimo, novos alunos, e novos desafios!
Ganhamos tantas coisas, tantas,
Difícil enumerá-las, impossível.
Partilhemos cada momento, alguns registrados!


































segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

SIMPLICIDADE!

John Lennon iniciou uma canção famosa da sua fase pós-Beatles
com o seguinte verso: "Então é Natal / E o que você tem feito?"
(Merry Christmans - War Is Over).
É uma pergunta desconcertante para uma época do ano que pretende reunir e pacificar,
e nos coloca diante de reflexões existenciais sobre vitórias e fracassos pessoais.
Segundo especialistas o período de Festas tem, de fato, esse poder.
Em outras palavras: ao invés de encerrar uma noite de celebração
abraçada a parentes e amigos queridos, muita gente
termina agarrada à tristeza e auto-comiseração
"É uma época de cobranças, em que fazemos balanços do que foi conquistado.
E isso pode trazer sentimentos de fracasso, baixa autoestima e desesperança",
explica Acioly Lacerda, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ele acrescenta que constatações clínicas revelam aumento
de casos de depressão e tristeza nessa fase do ano.
"As Festas podem funcionar como um gatilho
para quem tem pré-disposição à depressão",
completa o psiquiatra Ricardo Moreno,
da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Pular sete ondinhas na praia ou comer lentilha podem não resolver toda a questão.
Mas os especialistas acreditam que há maneiras
de combater a eventual "deprê de fim de ano".
Em primeiro lugar, é aconselhável evitar o rigor excessivo consigo mesmo,
além de relativizar os acontecimentos recentes.
"Ao invés de fazer uma lista das coisas ruins que ocorreram no ano,
enumere as boas", diz Moreno.
O segundo passo é lembrar o quanto se é querido pelas pessoas mais próximas
- as que realmente importam. Isso ajuda a elevar a autoestima.
Um terceira dica do psiquiatra: as Festas são um momento propício
para tentar resolver conflitos com familiares e amigos.
"É uma ocasião em que as pessoas estão abertas para ouvir,
perdoar e restabelecer vínculos afetivos", diz Moreno.
"Esse sentimento gregário é inconsciente, mas é o verdadeiro espírito de Natal."
Os especialistas advertem também que é preciso tomar cuidados
ao se olhar para o futuro, para o Ano Novo que chega.
Isso vale especialmente para aquelas pessoas que planejam
uma "revolução" a cada Réveillon.
"Essa data não deve ser encarada como um marco para uma vida nova,
pois isso gera um clima de euforia e ansiedade", aconselha Lacerda.
Nesse sentido, é de grande ajuda não estabelecer metas inatingíveis
e prazos para a mudança - o que pode criar ambientes favoráveis à depressão.
Ou seja, risque da lista de metas a ideia de perder vinte quilos,
comprar a casa dos sonhos ou ser promovido a presidente da empresa
se não há chances de isso acontecer.
"Ter metas é bom, desde que elas sejam alcançáveis.
É preciso adequar os desejos às possibilidades",
afirma a psicanalista Dorli Kamkhagi, especialista em estudos do envelhecimento.
Por fim, pode-se voltar à canção de Lennon.
Logo após o trecho citado na abertura desta reportagem, ele emendou:
"Outro ano se encerrou/ E um novo acaba de começar."
Ou seja: a despeito de nossos eventuais fracassos passados,
uma nova etapa, uma nova oportunidade se abre à nossa frente.

Natalia Cuminale

domingo, 20 de dezembro de 2009

AMIZADE!

O VALOR DA AMIZADE

"O amigo vê e ouve o que não somos capazes de ver nem ouvir.
Assim sendo, pode fazer por nós
o que não temos como fazer por nós mesmos"

A mesma palavra tem significados diferentes
de acordo com o texto ou o discurso em que figura.
A importância disso é capital, pois significa que,
para interpretar uma palavra, precisamos nos debruçar
sobre o contexto do qual ela faz parte
ou escutar verdadeiramente quem a profere.
Do contrário, não a entendemos.
O ensinamento básico de Sigmund Freud é esse
e bastaria para justificar a psicanálise,
se isso ainda fosse necessário.
A maioria das pessoas, no entanto, não se dispõe a escutar.

Poucos nascem com essa capacidade,
que pode e precisa ser desenvolvida.
Escutar é um ato generoso.
Implica que eu deixe momentaneamente de falar
e esteja aberto para o que o outro tem a dizer.
A escuta é a característica do psicanalista

e também do verdadeiro amigo – que não impõe a sua presença,
não diz o que não deve ser dito e, assim,
faz com que a amizade floresça.
Ou seja, o amigo sabe se conter, exercita-se na ética da contenção.
Por isso, ele é de paz e a sua maneira de ser
pode servir de modelo para todas as outras relações:
marido e mulher, pais e filhos e irmãos.
O que o filósofo e historiador grego Xenofonte

escreveu 2 400 anos atrás poderia ter sido escrito hoje:
"Um bom amigo é o mais precioso de todos os bens.
Está sempre pronto a auxiliar...
Há homens, contudo, que investem toda a sua energia
no cultivo de árvores, para colher frutos,
e são negligentes com o amigo, o bem que mais frutifica".
O amigo vê e ouve o que não somos capazes de ver nem ouvir.
Assim sendo, pode fazer por nós o que não temos como fazer por nós mesmos. Como o analista, ele ilumina o caminho.
Ele sabe suspender o seu desejo para que o do outro se manifeste.

O que ele mais quer é o acordo.
Está menos interessado nos eventuais benefícios materiais
que a amizade pode trazer do que no fortalecimento desta.
Visa sobretudo ao contentamento do outro
e não deve ser confundido com o cúmplice,
que visa ao próprio interesse
e se liga a alguém em função do que almeja alcançar.
O elo de cumplicidade tende a ser efêmero,

enquanto o de amizade é para sempre.
Em outras palavras, o amor dos amigos nunca é de agora,
e sim para a vida inteira.
Também por isso, há milênios a amizade inspira escritores,
que se perguntam de que modo escolher um amigo,
quais as características de um amigo verdadeiro e o que nós devemos a ele.
Os escritores – os melhores, entre eles –
sabem que a amizade nasce espontaneamente,
mas só dará os seus melhores frutos se for cultivada.

Betty Milan - psicanalista e escritora