sábado, 7 de março de 2009









NEUROLINGÜÍSTICA

Quando ele me disse ô linda,

pareces uma rainha,

fui ao cúmice do ápice

mas segurei meu desmaio.

Aos sessenta anos de idade,

vinte de casta viuvez,

quero estar bem acordada,

caso ele fale outra vez.


Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não.
A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

*******
A Serenata

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardin.
Estou no começo do meu dessespero
e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
* * *
O que a memória ama, fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível.

* * *
O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre.

* * *
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.

* * *
A vida é muito bonita, basta um beijo
e a delicada engrenagem movimenta-se,
uma necessidade cósmica nos protege.

Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais,
no dia 13 de dezembro de 1935.
Adélia é destas mulheres que fazem despertar sentimento,
que nos fazem pensar mais e mais na importância da poesia,
da emoção, da sensibilidade, da ternura.
Adélia é uma mulher "ternurenta",
palavra que só a pouco conhecí.
Adélia é mulher, Bela!
Ela diz: " a arte é amorosa, é fraterna".
E ela acredita que só através da arte
educamos a sensibilidade, os sentimentos!
O programa "Sempre um papo" apresenta
essa excepcional entrevista com Adélia Prado,
hão de ouví-la repetidamente.
Carmen Bastos

http://www.sempreumpapo.com.br/audiovideo/player.php?id=127





DOM QUIXOTE DE LA MANCHA


AQUÍ empieza La Mancha, viajero;
aquí de paz la tierra se ilumina.
La Mancha empieza donde el sol termina
y aún sigue en su blancura prisionero.
AQUÍ sí que hay caminos, caminante.
Aquí desde Puerto a Puertollanocada
tierra que ves es una mano
que te invita a seguir hacia adelante.
AQUÍ sí que hay caminos viajero.
Por ellos, lanza en brazo y a la aventura
entre sed de justicia y de locura
salió, con la del alba el caballero.

(Fragmento de poesía de Luis López Anglada)



http://www.ventadelquijote.com




































Dichosa edad y siglo dichoso aquel adonde saldrán a luz las famosas hazañas mías, dignas de entallarse en bronces, esculpirse en mármoles y pintarse en tablas, para memoria en lo futuro. (Feliz idade e feliz século aquele onde sairão à luz as minhas famosas façanhas, dignas de entalhar-se em bronzes, esculpidas em mármores e pintadas em telas para a memória do futuro)(D.Quixote: II Capítulo)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sophia de Mello Breyner Andresen
A beleza das palavras!


AUSÊNCIA
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.


Terror de te amar
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.


Liberdade
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.


terça-feira, 3 de março de 2009

SAÚDE!!!!!!!!!!!




Hoje pensei nas gripes e resfriados.
Depois do carnaval ....mesmo que distante...............
Muitos padecem do mal.......................
E olha o dengo, vontade de ficar na cama,
enrolar-se em baixo dos lençois
e curtir uma sessão coruja!


Quando criança, miúda ainda,
já o chá de limão com alho e mel,
era um santo remédio para gripes e resfriados.
Ainda hoje, ele continua em alta.
E lá vai a receita:
1 limão cortado em cruz,
2 dentes de alho,
mel
cravos
Põe um pouco de agua numa caçarola,
deita os ingredientes dentro e ferve-se.
Toma-se bem quente, de preferência na hora de deitar,
durante 5 dias seguintes.
É tiro e queda!


Olhe esse vento nas costas, menino!

Cuidado com a friagem, meu filho!
Minha avó falava assim. A sua, provavelmente, também.
Acho que todas as avós do mundo tiveram essa preocupação com os netos.
Acostumados a considerar sábios os conselhos que chegaram até nós pela tradição familiar, também insistimos com nossos descendentes para que se protejam da friagem e dos golpes de vento, sem nos darmos conta de que fica estranho repetirmos tal recomendação ingênua em pleno século 21.
Se friagem fizesse mal, a seleção natural certamente nos teria privado da companhia de suecos, noruegueses, canadenses, esquimós e de outros povos que enfrentam a tristeza diária de viver em lugares gelados.
A crendice de que o frio e o vento provocam doenças do aparelho respiratório
talvez seja fácil de explicar.
Sem idéia de que existiam vírus, fungos ou bactérias,
nossos antepassados achavam lógico atribuir as gripes e resfriados,
que incidiam com maior freqüência no inverno,
à exposição do corpo às temperaturas mais baixas.
É possível que a conclusão tenha sido reforçada pela observação de que algumas pessoas espirram e têm coriza quando expostas repentinamente às baixas temperaturas, sintomas de hipersensibilidade (alergia) ao frio, que nossos bisavós deviam confundir com os do resfriado comum.
Confiantes na perspicácia de suas observações, as gerações que nos precederam transmitiram a crença de que friagem e golpes de ar provocam doenças respiratórias,
restringindo a liberdade e infernizando a vida de crianças, adolescentes e até dos adultos:
- Não beba gelado, filhinho! Não apanhe sereno! Não saia nesse frio, minha querida,
vai pegar um resfriado! Agasalhe essa criança; ela pode ficar gripada.
Feche a janela, olhe esse vento nas costas!
Descalço no chão frio?
Vá já calçar o chinelo!
Crescemos obedientes a essas ordens.
Quanto calor devemos ter sofrido no colo de nossas mães enrolados em xales de lã em pleno verão?
Quantos guaranás mornos fomos obrigados a tomar nos aniversários infantis?
Para sair nas noites frias, quantas camadas de roupa tivemos de suportar?
Quantas vezes interromperam nossas brincadeiras porque começava a cair sereno?
A partir dos anos 1950, foram realizadas diversas pesquisas para avaliar a influência da temperatura na incidência de gripes, resfriados e outras infecções das vias aéreas.
Nesses estudos, geralmente realizados nos meses de inverno rigoroso,
os voluntários foram divididos em dois grupos:
no primeiro, os participantes passavam o tempo resguardados em ambientes com calefação, sem se exporem à neve ou à chuva.
No segundo grupo, os participantes eram expostos à chuva,
à neve e aos ventos cortantes.
Nenhum desses trabalhos jamais demonstrou que a exposição às intempéries aumentasse a incidência de infecções respiratórias.
Ao contrário, diversos pesquisadores encontraram maior freqüência de gripes e resfriados entre os que eram mantidos em ambientes fechados.
Numa cidadezinha do interior da Holanda, na segunda metade do século XVII,
um dono de armarinho chamado Antoni Leeuwenhoek,
que tinha como distração estudar lentes de aumento,
montou um aparelho que aumentava o tamanho dos objetos.
Por uma curiosidade particular, dessas que costumam mudar os rumos da ciência,
Leeuwenhoek, em vez de usar seu microscópio rudimentar para ampliar coisas pequenas,
como patas de mosquitos, olhos de mosca ou buracos de cortiça, conforme faziam os ingleses naquela época, procurou as invisíveis.
Examinou uma gota de chuva, a própria saliva, uma gota de seu esperma
e ficou estarrecido com o que seus olhos viram.
Relatou assim suas descobertas: "No ano de 1675, em meados de setembro (...) descobri pequenas criaturas na água da chuva que permaneceu apenas alguns dias numa tina nova pintada de azul por dentro (...) esses pequenos animais,
a meu ver, eram 10 mil vezes menores do que a pulga-d'água, que se pode ver a olho nu".
Mais de 300 anos depois da descoberta dos micróbios, ainda continuamos a atribuir à pobre friagem a causa de nossas desventuras respiratórias.
Convenhamos, não fica bem!
Esquecemos que resfriados e gripes são doenças causadas por vírus e que sem eles é impossível adquiri-las.
Aceitamos passivamente que o sereno faz mal quando cai em nossas cabeças e que o vento em nossas costas nos deixa doentes, sem pensarmos um minuto na lógica de tais afirmações.
Qual o problema se algumas gotas de sereno se condensarem em nosso cabelo?
E o vento? Por que só quando bate nas costas faz mal? Na frente não?
Gripes, resfriados e outras infecções respiratórias são doenças infecciosas provocadas por agentes microbianos que têm predileção pelo epitélio do aparelho respiratório.
Quando eles se multiplicam em nossas mucosas, o nariz escorre, tossimos, temos falta de ar e chiado no peito.
A presença do agente etiológico é essencial;
sem ele podemos sair ao relento na noite mais fria, chupar gelo o dia inteiro ou apanhar um ciclone nas costas sem camisa, que não acontecerá nada, além de sentirmos frio.
A maior incidência de infecções respiratórias nos meses de inverno é explicada simplesmente pela tendência à aglomeração em lugares com janelas e portas fechadas para proteger do frio. Nesses ambientes mal ventilados, a proximidade das pessoas facilita a transmissão de vírus e bactérias de uma para outra.
A influência do ar condicionado na incidência de doenças respiratórias,
entretanto, não segue a lógica anterior.
A exposição a ele realmente favorece o aparecimento de infecções respiratórias agudas,
mas não pelo fato de baixar a temperatura do ambiente (o ar quente exerce o mesmo efeito deletério), e sim porque o ar condicionado desidrata o ar e resseca o muco protetor que reveste as mucosas das vias aéreas.
O ressecamento da superfície do epitélio respiratório destrói anticorpos
e enzimas que atacam germes invasores, predispondo-nos às infecções.
Dr. Drauzio Varela

****************************************
CURIOSIDADE

Você sabia que a caipirinha nasceu de um remédio?
A brasileiríssima caipirinha nasceu a partir de uma receita de remédio caseiro.
Tudo começou com a tradicional infusão de limão e alho contra gripes e resfriados.
Um belo dia alguém resolveu acrescentar um ingrediente: a cachaça.
Pronto, estava feita a bebida.
A receita habitual da caipirinha é limão amassado, açúcar, cachaça e gelo.
A bebida ficou conhecida em todo o país e é presença constante em bares à beira de praia.
A fama atravessou fronteiras e virou referência do Brasil.
Em setembro de 1995, a caipirinha foi a primeira brasileira
a integrar a lista oficial de coquetéis da Associação Internacional de Barmen (AIB).

segunda-feira, 2 de março de 2009





A ti,
Sonhos e fantasias,
Realidade e dor.
Amor.
A ti, por ti,
As mil vezes ditas,
Bem ditas.
Amor!




Portugal


Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.
E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:
Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.


Miguel Torga, in 'Diário X'




Portugal
O teu destino é nunca haver chegada
O teu destino é outra índia e outro mar
E a nova nau lusíada apontada
A um país que só há no verbo achar


Manuel Alegre, in "Chegar Aqui"
A querida amiga da Ilha da Madeira (Funchal), Helena Alencastre.
Psicóloga, ceramista, artista maravilhosa.
Faz com as mãos também preciosidades.





Baia do Funchal




Funchal

domingo, 1 de março de 2009








O mar, sempre o mar!





Peço licença a Maria querida, para colocar aqui
a frase que abre seu blog (O Cheiro da Ilha),
e que tanto me diz, tanto!

"QUANDO EU MORRER, VOLTAREI PARA BUSCAR OS INSTANTES QUE NÃO VIVI JUNTO DO MAR." Sophia de Mello Breyner Andresen
COQUEIROS (PARTE IV)

SÃO FÉLIX E CACHOEIRA - Pérolas do Recôncavo

Cena indescritível é a da chegada às cidades baianas de São Félix e Cachoeira, parece que estamos entrando num cenário cinematógrafico de filme de época. Separadas pelo rio Paraguaçu que nasce na Chapada Diamantina e ligados por uma ponte de ferro (Rodoferroviária) construída por ingleses e inaugurada por D. Pedro II em 1859, os municípios têm belíssimos prédios coloniais.

De acordo com o historiador Luís Henrique Dias Tavares, no livro “Independência do Brasil na Bahia”, em 22 de junho de 1822, uma canhoneira portuguesa que protegia o rio Paraguaçu abriu fogo contra o reduto independentista baiano, deixando vários mortos. “Logo após os primeiros tiros da canhoneira começou a luta para silenciar a embarcação de guerra, aprisionar o seu comandante e marujos e desarmar e prender os soldados e os portugueses que haviam feito disparos. Assim começou a guerra pela Independência do Brasil na Bahia”, descreve.

Já em São Félix a dica é fazer uma visita ao Centro Cultural Danemann, criado em 1989 pela mais antiga fábrica de charutos do Brasil, que tem a qualidade dos seus "puros" igualada aos cubanos. Além de exposições, oficinas, seminários e cursos, a empresa mantém um Cine Clube e realiza o Festival de Filarmônicas e a Bienal do Recôncavo. No centro também é possível acompanhar uma parte do processo de fabricação dos charutos que é feito de forma artesanal e pode levar até 30 dias (entre montagem, secagem e acabamento). A Dannemann S.A, criada pelo Alemão Gerhard Dannemann em 1873 em São Félix, hoje é uma multinacional. (Claudia Severo)( http://www.dannemann.com/ )









São Félix vista de Cachoeira.
















São Félix










Fábrica de charutos Danneman











Ponte Dom Pedro II,
que faz a travessia São Félix/Cachoeira















Cachoeira, pura magia!



























Igreja Ordem Terceira do Carmo
































Primeira Estação de Ferro

COQUEIROS, (PARTE III)







As novas amizades!
Filipa, portuguesa com certeza.