“Nossa tradução não privilegia o literário. 
Buscamos a humanidade. 
Deixamos o texto mais comunicativo”, explica Wagner.
"Não há na nossa tradução nenhum traço de coloquialismo. 
Aderbal foi um mestre em passar o jogo de palavras do inglês shakespeariano para a nossa língua, sem tanto prejuízo. 
A nossa peça tem texto direto. 
É despojado sem abrir mão da poesia", completou. 
# Como foi o processo de criação? Como define o Hamlet de Wagner Moura? 
A maior preparação é o ensaio, a ação. 
Chegar todo dia naquele horário e ir descobrindo a peça e o personagem 
junto ao diretor e colegas. Cada dia entendo mais o termo work in progress, 
que se aplica tão bem a qualquer trabalho em teatro. 
A vida é um work in progress. 
Duvido muito do crítico que vem com teorias 
acerca da psicologia de Hamlet (embora os psicólogos o amem). 
Stanislavski não se aplica a Shakespeare. 
Adoro pensar que o bardo antecipou Brecht. 
Hamlet não faria assim, Hamlet não agiria assado, Hamlet é deprê, 
Hamlet não pode rir, qualquer coisa que se diga 
é uma simplificação boba dos "inteligentes" 
que querem dizer que conhecem bem Hamlet. 
Eu tenho convivido com ele e adorado conhecê-lo aos poucos, 
me surpreendendo a cada noite, 
nessa onda que Tonico Pereira batizou de "solidão de protagonista". 
Conhecê-lo e surpreender-me com ele é conhecer-me 
e surpreender-me também comigo. 
# Você disse que produziu Hamlet por "absoluta necessidade"... Não por ser um clássico. Mas certamente a emoção do teatro é diferente de qualquer outra coisa. 
Escolhi Hamlet porque nele está o que há de melhor em Shakespeare. 
É um grande personagem por quem sou apaixonado desde os 15 anos. 
E porque sou velho pra Romeu e novo para Lear. 
Hamlet é um personagem muito engraçado. 
Apesar da tragédia que é a peça, 
tudo que ele diz é muito espirituoso e irônico. 
Ele é um muito mais inteligente e bem-humorado do que eu. 
# Qual é seu trecho preferido de Hamlet? 
O monólogo de Hécuba. 
É uma fala que exorta o poder dos atores e do teatro, 
dita por atores, num teatro, me emociona muito. 
O teatro como revelador da verdade. 
É com o teatro que Hamlet agarra a consciência de Claudios. 
Que coisa linda! Isso me emociona muito.
A peça Escrita por William Shakespeare na virada do século 17, 
a tragédia de Hamlet permanece como a peça mais celebrada 
em toda a história do teatro mundial. 
Ela se passa no Castelo de Elsinor, na Dinamarca, 
onde o fantasma do Rei Hamlet aparece para seu filho, o príncipe Hamlet, 
e exige uma vingança. 
O espectro diz ter sido envenenado pelo próprio irmão, Claudio, 
enquanto dormia. 
Claudio acaba se casando com a Rainha Gertrudes, mãe de Hamlet, 
roubando de seu pai a um só tempo a vida, a coroa e a mulher. 
Paralelamente, Hamlet se apaixona pela jovem Ofelia, filha de Polonio, conselheiro de Claudio e Gertrudes, e irmã mais nova de seu amigo Laertes. 
Ficha Técnica 
Texto: William Shakespeare 
Tradução: Aderbal Freire-Filho com Barbara Harrington e Wagner Moura 
Direção: Aderbal Freire-Filho 
Elenco: Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Caio Junqueira, Cláudio Mendes, Fábio Lago, Felipe Koury, Gillray Coutinho e Marcelo Flores 
Cenário: Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque 
Iluminação: Maneco Quinderé 
Figurinos: Marcelo Pies
(Fonte: O Que a Bahia Quer Saber)    
 
 
 
 
 
 
 
Teatro Castro Alves,
Final da peça, 
26.07.2009