segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dizia Schopenhauer que "a arte é uma flor
que nasce em nossa vida para suavizá-la".

Muito bom falar da genialidade de Wagner Moura ao interpretar Hamlet.
Ainda sob efeito da beleza e magia do espetáculo,
que apesar da simplicidade do cenário e do figurino,
traz o que de mais rico nos agrada, a interpretação visceral de Wagner Moura.
A montagem é pouco usual, um palco sem grandes cenários,
o telão que projeta imagens filmadas em tempo real,
os atores assistindo a trama e denotando nas suas fisionomias
o encantamento pelo trabalho.
A produção é do próprio Wagner,
que divide a tradução com o diretor Aderbal Freire Filho
e a professora de inglês Barbara Harrington.

Veja trechos da entrevista com Wagner Moura sobre seu Hamlet:

“Nossa tradução não privilegia o literário.
Buscamos a humanidade.
Deixamos o texto mais comunicativo”, explica Wagner.

"Não há na nossa tradução nenhum traço de coloquialismo.
Aderbal foi um mestre em passar o jogo de palavras do inglês shakespeariano para a nossa língua, sem tanto prejuízo.
A nossa peça tem texto direto.
É despojado sem abrir mão da poesia", completou.

# Como foi o processo de criação? Como define o Hamlet de Wagner Moura?
A maior preparação é o ensaio, a ação.
Chegar todo dia naquele horário e ir descobrindo a peça e o personagem
junto ao diretor e colegas. Cada dia entendo mais o termo work in progress,
que se aplica tão bem a qualquer trabalho em teatro.
A vida é um work in progress.
Duvido muito do crítico que vem com teorias
acerca da psicologia de Hamlet (embora os psicólogos o amem).
Stanislavski não se aplica a Shakespeare.
Adoro pensar que o bardo antecipou Brecht.
Hamlet não faria assim, Hamlet não agiria assado, Hamlet é deprê,
Hamlet não pode rir, qualquer coisa que se diga
é uma simplificação boba dos "inteligentes"
que querem dizer que conhecem bem Hamlet.
Eu tenho convivido com ele e adorado conhecê-lo aos poucos,
me surpreendendo a cada noite,
nessa onda que Tonico Pereira batizou de "solidão de protagonista".
Conhecê-lo e surpreender-me com ele é conhecer-me
e surpreender-me também comigo.

# Você disse que produziu Hamlet por "absoluta necessidade"... Não por ser um clássico. Mas certamente a emoção do teatro é diferente de qualquer outra coisa.
Escolhi Hamlet porque nele está o que há de melhor em Shakespeare.
É um grande personagem por quem sou apaixonado desde os 15 anos.
E porque sou velho pra Romeu e novo para Lear.
Hamlet é um personagem muito engraçado.
Apesar da tragédia que é a peça,
tudo que ele diz é muito espirituoso e irônico.
Ele é um muito mais inteligente e bem-humorado do que eu.

# Qual é seu trecho preferido de Hamlet?
O monólogo de Hécuba.
É uma fala que exorta o poder dos atores e do teatro,
dita por atores, num teatro, me emociona muito.
O teatro como revelador da verdade.
É com o teatro que Hamlet agarra a consciência de Claudios.
Que coisa linda! Isso me emociona muito.

A peça Escrita por William Shakespeare na virada do século 17,
a tragédia de Hamlet permanece como a peça mais celebrada
em toda a história do teatro mundial.
Ela se passa no Castelo de Elsinor, na Dinamarca,
onde o fantasma do Rei Hamlet aparece para seu filho, o príncipe Hamlet,
e exige uma vingança.
O espectro diz ter sido envenenado pelo próprio irmão, Claudio,
enquanto dormia.
Claudio acaba se casando com a Rainha Gertrudes, mãe de Hamlet,
roubando de seu pai a um só tempo a vida, a coroa e a mulher.
Paralelamente, Hamlet se apaixona pela jovem Ofelia, filha de Polonio, conselheiro de Claudio e Gertrudes, e irmã mais nova de seu amigo Laertes.

Ficha Técnica
Texto: William Shakespeare
Tradução: Aderbal Freire-Filho com Barbara Harrington e Wagner Moura
Direção: Aderbal Freire-Filho
Elenco: Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Caio Junqueira, Cláudio Mendes, Fábio Lago, Felipe Koury, Gillray Coutinho e Marcelo Flores
Cenário: Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque
Iluminação: Maneco Quinderé
Figurinos: Marcelo Pies
(Fonte: O Que a Bahia Quer Saber)
Teatro Castro Alves,
Final da peça,
26.07.2009

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