domingo, 8 de fevereiro de 2009

PASSAGEM DAS HORAS (Fernando Pessoa/Álvaro de Campos)

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.(…)
A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta estrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranquila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta saciedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias. (…)
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim. Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei


E então, hoje já é outro dia?
































































"E ao entardecer o sol novamente se põe
Radioso, belíssimo,
E meu coração enternece,
Sente a nostalgia de um dia findo......
Mas sabe que amanhã ha um novo alvorecer!"
















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