sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Esta crônica capturou-me,
Traduzia também a mim, certamente.
Quisera eu tê-la escrito,
Em algum momento talvez.............
Ou a escreví, hoje quem sabe?




O Rui escreve especialmente com a alma, de artista, de poeta,
Mas com toda a alma!




Exibicionistas. Tarados.

Repara naqueles dois a tomar o pequeno-almoço. Exibicionistas. Tarados.
Domingo de manhã, agarradinhos. O que tem isso de tão especial?
Exibicionistas. Vamos junto deles.
A estratégia passa por chamar nomes feios, e de esguelha, cuspir naquelas bestas.
Tu chamas-lhes egoístas. Sabes fazer isso melhor que ninguém. Vão sentir. Juro.
Vamos lá.Exibicionistas. Tarados.
Que não se beijem antes de lá chegarmos.
Só devemos ter direito ao pão possível.
Isto de se insuflarem às nossas custas não se faz.
Tarados. Exibicionistas.E estão a ler a Bíblia. A olharem para nós?
Aposto que estão naquela parte que acusa «A água roubada é mais doce, o pão escondido é mais saboroso». Estão a meter-se connosco. Não nos atingem, pois não amorzinho?
Logo agora que lhes aparece o sol que aqui não chega
e era agora que os pervertidos tinham de começar a barrar as torradinhas com Amor.
O que farão ao jantar? Embebedam-se de paixão, não? Tarados.
Aquilo é só pão integral. Pois, completos mesmo. Tarados.
Refugiam-se um no outro? Estes não se safam. Cegos. Estão em contratempo e ainda não o sabem.
Que chuva os castigará. Com os truques destes gajos, posso eu bem. Tarados.
São estes animais que me assombram. Exibicionistas.
Por mim, nascia de novo, até passava pela adolescência desproporcionada,
só para ter momentos como os desses filhos-da-puta.
Ficámos com os nossos poetas que não nos acodem sempre.
Vamos para casa prolongar a nossa angústia.Exibicionistas. Tarados. Narcisistas.
E o nosso pequeno-almoço, frio.
Rui Moutinho






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