sábado, 28 de fevereiro de 2009

Tuas mãos (Pablo Neruda)

Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.
PS:. As mãos, as minhas, as tuas, as nossas;
as mãos que moldam a vida,
o barro, o amor, a amizade;
As mãos aquecidas, sem frio,
plenas de dar, esquecidas de receber!
Carmen

2 comentários:

  1. belo blog. Parabens , muito bom.
    Neruda é quase perfeito.
    Tenho em meu blog um poema " Ti Amo" , declamado , muito bom.
    Apareça,
    Maurizio

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  2. Carmen,
    Escreva para o meu e-mail: cfmmatos@terra.com.br
    Coisa boa te reencontrar.
    Beijo

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