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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

LIVROS

"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem".
Mário Quintana

"Nós mudamos incessantemente.
Mas se pode afirmar também que cada releitura de um livro
e cada lembrança dessa releitura renovam o texto." Jorge Luis Borges


Como é prazeroso fazer a lista dos livros que se quer ler.
Mais ainda é recebê-los na volta a casa,
e parecer criança na noite de Natal.

Ai vai a lista dos meus livros:

- "A solidão dos numeros primos", Paulo Giordano - Ed. Rocco

- "Por mais um dia", Mitch Albom - Ed. Sextante

- "Que cavalos são aqules que fazem sombra no mar?", Antonio Lôbo Antunes - Ed.Alfaguara

- "Clarice", Benjamin Moser - Ed. Cosacnaify

- "O clube do filme", David Gilmour - Ed. Intrínseca

- "No teu deserto", Miguel Souza Tavares - Ed. Cia das Letras

- "A Educação Sentimental", Gustave Falubert - Ed. Martin Claret

- "A Dupla Chama", Octavio Paz - ed. Assírio e Alvim

- "A Luz da Noite", Edna Obrien - Ed. Record

- "Coisas da Vida", Martha Medeiros - Ed. LPM

E ainda lerei "Evocação a Sophia" , sugerido por Joaquim Duarte.

Aqui fica a crónica sobre o livro, por laurinda Alves.
Belíssima!

Tive uma vida maravilhosa,
disse Sophia de Mello Breyner Andresen pouco antes de morrer.
Alberto Vaz da Silva, autor de “Evocação de Sophia”,
diz que esta foi uma das últimas coisas que se lhe ouviu dizer.
O prefácio do novo livro foi escrito por Maria Velho da Costa
e o posfácio é de Tolentino Mendonça, que evoca assim a poesia de Sophia:
“poema a poema somos remetidos para o ‘limpo’, o ‘intacto’, o ‘inteiro’, o ‘puro’”.
Neste livro cabem memórias de viagens espantosas pela Grécia e Sicília
mas também fragmentos de escritos inéditos sobre as casas habitadas por Sophia.
Sobre a sua viagem com Agustina à Grécia,
Sophia escreveu a Jorge de Sena:
“não tento descrever-lhe a Grécia nem tento dizer-lhe o que foi ali a minha total felicidade.
Foi como se eu me despedisse de todos os meus desencontros, todas as minhas feridas.”
Muitos anos mais tarde escreveria sobre a memória dos templos,
das estátuas, das praias, das praças e dos cafés da Sicília,
bem como das tardes e das noites vividas no maravilhoso jardim de Taormina,
na companhia dos amigos Ana Maria e João Bénard da Costa,
Helena e Alberto Vaz da Silva.
Por tudo isto e também pela caligrafia de Sophia vale a pena
ler e guardar este livro para sempre.


ACEITO SUGESTÕES PARA LEITURA!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CLARICE,

Mais uma indicação de leitura!

Dificil é deixar de lado a leitura de Clarice.


Com o título Clarice, (lê-se “Clarice vírgula”),
a Cosac Naify publica a mais completa biografia de Clarice Lispector,
escrita pelo norte-americano Benjamim Moser.
Resenhada com destaque pela imprensa estrangeira,
como o jornal The New York Times e a revista The Economist,
a obra revela, pela primeira vez, aspectos fundamentais na trajetória da escritora,
desde a origem miserável e violenta na Ucrânia –
para onde o autor viajou – ao reconhecimento crítico.
A partir dessa pesquisa inédita,
Moser tece relações entre a vida e a obra da brasileira
– assim fazia questão de ser reconhecida – numa narrativa envolvente.
O livro tem aberto os olhos internacionais
para a literatura de Clarice Lispector, até agora restrita a alguns meios.
(Sinopse saraiva)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O OUTRO
(Bernhard Schlink)

Um conto, rápido, emocionante, fulgás, como a própria vida.
Um olhar sobre o outro e sobre nós mesmos,
Inusitado.

A mentira da verdade
Por José Castello(Caderno Prosa & Verso - edição 09/05/2009)

A literatura é um rasgão na placidez do mundo.
Olhar enviesado, que nos pega pelas costas e de mau jeito,
ela se impõe como um golpe e nos agita.
Pode a literatura dar conta do mundo?
Lendo Manuel Bandeira, deparo com uma de suas traduções
do poeta espanhol Juan Ramón Jiménez, que me ajuda a pensar:
"Colhi-te? Não sei/ Se te colhi, pluma suavíssima/ Ou se colhi tua sombra".
Nunca chegamos ao que queremos.
O mundo se assemelha a esses espelhos sinuosos que,
nas feiras e nos circos, nos oferecem sucessivas imagens deformadas.
Você se mira naquelas sombras, na esperança, tola, de uma convicção.
À saída, já não sabe mais quem é.
Ideias sobre os limites fluidos do ser me vêm enquanto leio "O outro",
novela do alemão Bernhard Schlink (Record, tradução de Kristina Michahelles).
Um livro simples que - com a delicadeza cruel dos anestesistas,
que nos embalam em sono profundo só para que nos retalhem
- arranca a cortina de ilusões em que nos protegemos.
Schlink (que é também o autor de "O leitor",
livro que Stephen Daldry transformou em um filme premiado) nos pega de jeito.
Acredita-se, em geral, que ele seja só um inofensivo autor de bestsellers.
Você se deixa levar por seus relatos, neles se aconchega,
como se abraçasse um animalzinho de estimação.
Ao final, porém, o livro fica cravado em seu peito, como uma adaga.
"O outro" é a história de Bengt, um músico que,
depois de perder a mulher, Lisa, vitimada por um câncer,
faz uma descoberta cruel: durante longos anos,
sem que ele jamais suspeitasse, a esposa o traiu.
A carta de Rolf, o Outro, lhe chega em meio aos cartões de condolências.
Destina-se não a ele, o viúvo, mas a Lisa, a morta.
Julgando-a viva, Rolf lhe escreve para falar do "pecado da vida não vivida, do amor não amado". Implora que volte a seus braços.Bengt lê a carta do Outro com desespero.
O ciúme o fere. Mais dolorosa, porém, é a ideia de que, provavelmente,
não conhecia a mulher que amou.
"Como saber se ela fora uma para ele e outra para o Outro?" - ele se pergunta.
Não se interessa por Rolf, mas pelo lugar que o Outro ocupou na vida de sua mulher.
Lugar não só de um terceiro, mas a partir do qual uma nova imagem de Lisa
- agora vista como uma estranha, ela também Outra - se descortina.
Ao lado do Outro, Lisa era, por certo, a mesma mulher que ele sempre amou e a quem,
com tanto carinho, ajudou a morrer.
Mas era, ao mesmo tempo, uma Outra, uma desconhecida.
A imagem da amada se divide.
O que é pior: Lisa ter sido Outra ao lado do Outro, ou ter sido a mesma?
Quem, afinal, foi Lisa: a mulher que o amou, ou a mulher que o traiu?
Bengt controla a raiva e, friamente, escreve ao Outro comunicando a morte da esposa.
Quer dar a questão por encerrada.
São apenas três frases secas: "Sua carta chegou. Mas já não chegou para quem você a escreveu. A Lisa que você conheceu e amou morreu."
Em vez de tomá-la como um comunicado fúnebre, porém,
o Outro a lê como um pedido de ruptura, que a amada assina.
Como são pérfidas as palavras!
A carta - a mesma carta -, dependendo de quem a lê, se torna outra carta.
As três linhas escritas por Bengt imitam a consistência fluida da literatura,
massa pegajosa que, na mente de cada leitor, toma uma forma.
Volto à sentença genial de Roa Bastos: "Um livro só existe na cabeça do leitor".
Para cada um de nós, um mesmo livro é, sempre, outro livro.
Um desesperado Bengt responde a carta em nome de sua mulher - "ressuscistando-a".
Ao ocupar o papel da morta, ele experimenta o prazer perverso
de transformar Rolf em seu fantoche.
Passa a lidar, assim, com um segundo Rolf: não mais o homem que Lisa amou,
mas o tolo que ele, por vingança, manipula.
Faz assim, do Outro, um terceiro.
A partir daí, Bengt se entrega a um jogo sofisticado,
no qual as regras variam de acordo com quem mexe as peças.
Não é outra coisa a literatura, senão um mundo arbitrário que,
nas mãos de cada escritor, se transforma em algo distinto.
A literatura é uma valise dentro da qual o escritor,
iludido a respeito de seu poder, arruma as palavras.
Mas só o leitor - cada leitor - lhes confere sentido.
A partir daí, Bengt passa a viver para o Outro que, no entanto,
já não é o Mesmo que Lisa conheceu.
Que desassossego! O mundo sacoleja: as posições se desfiguram, os horizontes quebram.
Com as cartas escritas em nome de Lisa, um temerário Bengt não só
se intromete no amor secreto entre ela e o Outro,
como inventa uma maneira (suicida, pois faz dele uma carta fora do baralho)
de ressuscitar a mulher.
O jogo se desenrola até o momento-limite em que Bengt,
não suportando mais o solo quebradiço em que avança,
decide procurar o Outro, Rolf em pessoa, para encará-lo.
Acredita que, defrontando a verdade, pisará, enfim, em terra firme.
A verdade, porém, é deplorável: Rolf não passa de um pobre fanfarrão, um miserável janota.
A verdade é uma mentira. O que Lisa via, afinal, naquele imbecil?
Bengt abandona, então, a busca da verdade e a substitui - para usar uma expressão do artista russo Wassily Kandinsky - pela invenção de uma "olhada interior".
Abdica da nitidez e da perfeição e retorna a si.
Também o Outro se duplica: Rolf era um homem para Lisa,
passa a ser outro para Bengt, que só assim pode fazer a travessia de seu luto.
Ao leitor cabe, agora, elaborar uma perda:
a de suas ilusões a respeito do que lê.
Não temos mais o direito de acreditar nesses personagens límpidos e coerentes
que habitam as narrativas da tradição.
Se eles ainda surgem em muitos relatos contemporâneos,
já não passam de farsas.
Cabe, então, ao leitor se perguntar quem era aquele Outro que,
em seu lugar, com sinceridade e boa fé, lia com tanta candura.
A crença cega, os dogmas, as certezas já não lhe servem mais.
A novela o leva a uma difícil descoberta:
a de que as grandes narrativas são aquelas que nos libertam.
Nem a beleza dá acesso à verdade, que é sempre inacessível.
"A beleza não é meta suficiente para a arte", dizia Kandinsky.
Vêm-me, agora sim, os versos de Manuel Bandeira:
"Não quero mais saber do lirismo que não é libertação".


Trecho de "O Outro"

"O outro não embelezara Lisa com suas palavras.
Simplemente enxergara a maravilhosa violinista que era.
Para ele, não tinha importância se ela era solista,
se tocava o primeiro ou segundo violino,
se era mais ou menos bem-sucedida ou famosa.
Ele não dizia coisas bonitas,
ele encontrava coisas bonitas,
ele encontrava beleza onde outros a escondiam
ou não enxergava e usava os atributos que os outros utilizavam
para expressar a sua admiração para expressar a sua própria.
Se os outros só podiam conceber uma violinista maravilhosa se ela era famosa,
então ele precisava se referir à violinista maravilhosa como famosa.
Da mesma forma, ele devia ter enxergado em si mesmo o grande mediador de conflitos,
o campeão de polo e o dono de um dobermann premiado.
Talvez tivesse o talento para isso.
Pois a beleza que ele tanto celebrava não apenas continha uma verdade mais elevada,
e sim mais palpável; afinal, ele não falava das apresentações de Lisa como solista,
mesmo que suas celebrações e seus elogios soassem assim para convidados
e ninguém se incomodara com aquilo, e sim sobre uma peça em que ela tocara a parte decisiva, marcante e brilhante.
Também a alegria de Lisa era verdadeira.
Não que Lisa tivesse sido alegre com o Outro e não com ele,
ela não fora mais alegre com o Outro do que com ele.
Lisa recebera e tornara os outros alegres de múltiplas maneiras - sempre alegre.
A alegria que ela lhe dera não fora uma alegria menor, mas precisamente a que cabia no seu coração pesado e mais azedo.
Ela não o privara de nada.
Dera-lhe tudo o que ele fora capaz de receber".

sábado, 13 de junho de 2009

PARATY

"O primeiro amor passou
O segundo amor passou
O terceiro amor passou
Mas o coração continua".
"Antologia poética", de Carlos Drummond de Andrade


Planear FLIP (1 a 5.07.2009),
Fazer as malas,
Partir,
Sempre renovada esperança de dias melhores!


http://www.flip.org.br/ - CONFIRA!








































quinta-feira, 28 de maio de 2009

PORTUGAL, FNAC, ABRIL 2009
Umas das coisas que me dão muito prazer
é entrar numa livraria e olhar os livros, ver as novidades
e claro, comprar o que me apetece ler.

"A vida é tempo entre parêntesis.
Alma a Nu, Sentimento Despido de Pudor,
O Amor Como Razão De Ser e De Viver". Nuno Lôbo Antunes

LIVRO : "SINTO MUITO"
Editora Verso de Kapa, Portugal.



"Sinto muito" é sobre o sofrimento em geral,
sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor.
Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente,
tornando-o mais leve e melhor.

Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados,
deixar que o seu coração se pronuncie,
que se liberte a sua voz,
que seja conhecida a sua humanidade.
E, na verdade, a alma fala.
Há no médico o desejo de ser santo, de ser maior.
Mas na sua memória transporta, como um fardo,
olhares, sons, cheiros e tudo o que o lembra de ser menor e imperfeito.
Este é um livro de confissões.
Uma peregrinação interior em que a bailarina torce o pé,
o saltador derruba a barra,
o arquitecto se senta debaixo da abóbada,
e no fim, ela desaba.
O médico e o seu doente são um só,
face dupla da mesma moeda.
O médico provoca o Criador,
não lhe vai na finta, evita o engodo.
Mas no cais despede-se,
e pede perdão por não ter sido parceiro para tal desafio.»