sábado, 18 de julho de 2009

PARATY - CHINA

"A literatura chinesa estreia na FLIP
com o escritor Ma Jian e a jornalista Xinran,
ambos radicados na Inglaterra,
cujos livros fazem retratos críticos de uma China
pouco condizente com a imagem de liderança global a que o país aspira.
Para a escritora Xinran, autora de "As boas mulheres da China",
as novas gerações estão desconectadas da história e das tradições do país.
Ela criticou a sede de novidade,
consumo e transformação por que passa o país.
Xinran comparou o país a um “retrato de Picasso”,
em que os elementos estão fora do lugar, como numa colagem.
Seu livro mais recente, Testemunhas da China,
traz depoimentos de chineses que viveram
a Revolução Cultural de Mao Tse-tung". (Blog FliP)

"As boas mulheres da China" é o título do livro
da jornalista chinesa Xinran
que foi apresentadora de um programa de rádio em Nanquim
até por volta de 1997, denominado "Palavras na brisa noturna".
Nele, discutia aspectos do cotidiano e dava conselhos aos ouvintes.
Fez tanto sucesso que começou a receber inúmeras cartas de mulheres,
contando os dramas pessoais. Xinran reuniu, nessa obra, algumas das histórias que chegaram ao conhecimento a partir daquelas correspondências.
São narrativas contundentes e chocantes a respeito da condição feminina
na China, sob o regime socialista.Em época de Revolução Cultural,
do presidente Mao Tse Tung, para um reafirmamento das ideias marxistas.
Trata-se do primeiro livro da autora, que é, atualmente,
professora na Universidade de Londres. (Wikipédia)

Assistí em pré-estreia a peça de Fabio Porchat,
"Palavras na Brisa Noturna" baseada no livro da escritora Xinran.
Apesar do teatro improvisado, a peça foi surpreendente.
A força, determinação e entusiasmo de Fabio Porchat e elenco,
foram emocionantes.
Encontrei duas das atrizes nas ruas de Parati e fiz-lhes o elogio merecido,
falando do meu entusiasmo com a força da interpretação.
Quem vê Fabio Porchat fazendo comédia em Zorra Total,
surpreende-se com o intimismo apresentado na peça.



"Fábio Porchat é ator, diretor e autor.
Com apenas 25 anos, formado pela CAL,
tem desenvolvido uma carreira ligada ao humor
com especial ênfase no estilo Stand up Comedy.
É roteirista da TV Globo há três anos.
Apesar da pouca idade, Fabio Porchat é ator de teatro,
roteirista do programa global “Zorra Total”,
apresentador e comediante do espetáculo “Comédia em Pé”,
que completa dois anos em agosto".

"
Flip 2009: Lágrimas para fazer pensar
O rosto lambuzado de lágrimas, Mayra Villela balançava a cabeça em sinal afirmativo enquanto ouvia as palavras de Xinran Xue.
Mayra é assistente de direção da peça "Palavras na brisa noturna",
um texto do carioca Fábio Porchat livremente inspirado no livro

"As boas mulheres da China" (Companhia das Letras).
A equipe da peça, se reuniu ontem com Xinran
numa pousada de Paraty para falar sobre as histórias recolhidas
e escritas por ela, fortes relatos sobre as vidas de mulheres chinesas
vítimas de violência. O que seria uma breve conversa de uma hora
virou um encontro emocionado, que se estendeu pelo almoço
e terminou com a escritora convidando todos a viajarem para a China.
Xinran disse que o importante do seu trabalho

é abrir uma possibilidade de mudança.
- Nunca me sinto como uma heroína por ter feito esse trabalho -

disse a jornalista, que teve que deixar a China por causa das histórias.
- O que sinto é que fiz muitas amigas, e, como amiga,
consegui fazer com que algumas dessas mulheres vivessem mais,

e vivessem melhor.
Quando você está angustiado, precisa de um amigo.
Muitas mulheres nunca tiveram isso. Por isso tantas se mataram.
Anteontem à noite, ela assistira a uma pré-estreia da peça em Paraty,
e ficara ela mesma abalada. Tanto que, depois, quando andava pela cidade,
um policial veio lhe perguntar se estava tudo bem.
- Mas o importante não é só o choro - disse.
- O choro é importante, porque lava a alma.
Mas há uma postura muito segura, de encarar isso apenas como histórias tristes que aconteceram com algumas mulheres na China.
Acho que, como elas, as mulheres do Brasil também precisam dessa atenção.
Mais do que fazer as pessoas chorar, temos que fazê-las pensar.
Fazendo as vezes de tradutor do encontro, Porchat,
que além de autor é diretor da peça,
respondeu que ela não era apenas um espetáculo,

mas tinha uma intenção política.
A produção, contou, está combinando apresentações seguidas de debates para associações de mulheres vítimas de violência.

Além de tentar explicar como entende seu trabalho,
Xinran quis saber das atrizes da peça quais histórias

eram mais importantes para elas.
- Quando eu estava lendo seu outro livro, "Enterro celestial",
eu ficava chorando tanto que meu marido falou para eu parar de ler -

riu Regina Gutman, que faz um dos cinco monólogos da peça.
Depois de ouvir as atrizes,
Xinran disse que pretendia ir ao Rio para acompanhar os ensaios
e conversar ainda mais sobre as histórias e a China.
Em seguida, disse que precisava das medidas do elenco,
porque pretendia ajudar com o figurino,
e sugeriu algumas mudanças na trilha musical.
- Cometemos algum erro na música? - Porchat perguntou.
- Acho que sim, pequenos, mas é inevitável.
Vocês não têm como conhecer minuciosamente a China,
assim como eu venho ao Brasil com uma imagem do país,
mas na verdade existem vários países dentro do Brasil - Xinran respondeu.
Ela prometeu também álbums de fotos da China:
- Estudando as imagens vocês podem aprender detalhes

sobre a postura corporal das mulheres chinesas.
Diferenças de classe. Como os ombros de uma mulher bem educada,
por exemplo, são diferentes dos de uma mulher do campo.
Porchat conta que leu o livro de Xinran há dois anos,

mas quem teve a ideia de transformá-lo numa peça foi sua mulher,
Patrícia Vasquez, que faz parte do elenco.
- Imediatamente comecei a pensar em quem chamar, como montar.
Nos meses seguintes escrevi os cinco monólogos,
partindo sempre dos enredos da Xinran.
Discuti os textos com o enredo e quanto eles estavam prontos
enviei uma versão em chinês para ela.
Mas ela nunca respondeu esse email e eu comecei a ficar preocupado,
achando que ela tinha odiado.
Quando nos encontramos aqui em Paraty, foi um alívio enorme".

(Miguel Conde, de Paraty)




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