terça-feira, 15 de junho de 2010

Sem mais palavras,
pois já se diz Ferreira Gullar!
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar recebe Prêmio Camões 2010
J Egberto Divulgação
Ferreira Gullar recebeu
a mais importante premiação literária de língua portuguesa.
O Prêmio Camões, a mais importante
premiação literária de língua portuguesa, foi concedido neste ano ao poeta brasileiro Ferreira Gullar,
anunciou nesta segunda-feira o Ministério da Cultura de Portugal.
"É para um grande homem da lusofonia
que o Prêmio Camões rende homenagem",
declarou em uma coletiva à imprensa
a ministra portuguesa de Cultura, Gabriela Canavilhas.
Nascido no dia 10 de setembro de 1930, José Ribamar Ferreira,
conhecido como Ferreira Gullar, é "poeta, dramaturgo, cronista e tradutor, considerado entre as 100 personalidades brasileiras
mais influentes na atualidade", disse Canavilhas.
A ministra falou ainda da importância
de "sua atividade cívica e política como cidadão e autor".
Ferreira Gullar publicou sua primeira coletânea de poemas em 1949.
"Dentro da noite veloz" e "Poema sujo", da década de 1970,
figuram entre suas obras mais famosas.
O Prêmio Camões, de 100 mil euros,
foi criado em 1988 por Portugal e Brasil
para homenagear autores lusófonos
que tenham contribuído para enriquecer
o patrimônio cultural e literário de língua portuguesa.
O prêmio foi outorgado antes aos portugueses
Antonio Lobo Antunes (2007) e José Saramago (1995),
ao brasileiro Jorge Amado (1994) e ao angolano Pepetela (1997).
Lista completa de ganhadores do Camões ano a ano:
1989 - Miguel Torga, Portugal.
1990 - João Cabral de Melo Neto, Brasil.
1991 - José Craveirinha, Moçambique.
1992 - Vergílio Ferreira, Portugal.
1993 - Rachel de Queiroz, Brasil.
1994 - Jorge Amado, Brasil.
1995 - José Saramago, Portugal.
1996 - Eduardo Lourenço, Portugal.
1997 - “Pepetela” - Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, Angola.
1998 - Antonio Candido, Brasil.
1999 - Sophia de Mello Breyner, Portugal.
2000 - Autran Dourado, Brasil.
2001 - Eugénio de Andrade, Portugal.
2002 - Maria Velho da Costa, Portugal.
2003 - Rubem Fonseca, Brasil.
2004 - Agustina Bessa-Luís, Portugal.
2005 - Lygia Fagundes Telles, Brasil.
2006 - José Luandino Vieira, Portugal/Angola (o autor recusou o prêmio).
2007 - Antonio Lobo Antunes, Portugal.
2008 - João Ubaldo Ribeiro, Brasil.
2009 - Arménio Vieira, Cabo Verde.
2010 - Ferreira Gullar, Brasil.

Um comentário:

  1. Também estou entusiasmado com Ferreira Gullar. Dentro de um dia ou dois veja o meu blogue http://lugaronde.blogspot.com
    No semanário BADALADAS de Torres Vedras sairá amanhã a página sobre o poeta.

    Beijo e Amizade

    J Moedas Duarte ( Méon)

    ResponderExcluir