segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vinícius de Moraes
Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes,
ou Vinicius de Moraes, (1913 - 1980) foi um diplomata,
jornalista, poeta e compositor brasileiro.

"A gente não faz amigos, reconhece-os".

"Amar, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido".

"Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia".

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida".

"Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval".

"Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém..."

"Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo".

Ai de quem ama

Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida
Amar é triste
O que é que existe?
O amor
Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade
Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

E finalmente ..........................
Quem nunca viveu um grande amor.................

PARA VIVER UM GRANDE AMOR

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso,
muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher;
pois ser de muitas, poxa! é de colher...
— não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro
e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for.
Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada
e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo",
que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor.
É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado,
pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade
de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor.
Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade,
dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel,
ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito;
é preciso também ter muito peito — peito de remador.
É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada
e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista
— muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor.
Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo;
depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos,
strogonoffs — comidinhas para depois do amor.
E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha
com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser,
se possível, um só defunto — pra não morrer de dor.
É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente,
pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor.
Há que ser bem cortês sem cortesia;
doce e conciliador sem covardia;
saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!)
e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada
não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor










Salvador- Bahia
(Ondina)

domingo, 8 de novembro de 2009

Tenho os olhos cansados de olhar para o além......
E a esperança no futuro!

Samba em preludio
(Baden Powell e Vinicius de Moraes)


Eu sem você não tenho porquê
Porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz, jardim sem luar

Luar sem amor, amor sem se dar
Eu sem você sou só desamor
Um barco sem mar, um campo sem flor
Tristeza que vai, tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
Ah, que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querida
Os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinho
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
Eu sem você não tenho porquê
Porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz, jardim sem luar
Luar sem amor, amor sem se dar
Eu sem você sou só desamor
Um barco sem mar, um campo sem flor
Tristeza que vai, tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
Ah, que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querida
Os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinho
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém


http://www.youtube.com/watch?v=I67Qmye5OYY&feature=PlayList&p=198291CA6618E48B&playnext=1&playnext_from=PL&index=30

sábado, 7 de novembro de 2009

Miguel Torga para amigos...


"A vida afectiva é a única que vale a pena.
A outra apenas serve para organizar na consciência
o processo da inutilidade de tudo"


Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.
Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
in 'Diário VII'



Frustração

Foi bonito
O meu sonho de amor.
Floriram em redor
Todos os campos em pousio.
Um sol de Abril brilhou em pleno estio,
Lavado e promissor.
Só que não houve frutos
Dessa primavera.
A vida disse que era
Tarde demais.
E que as paixões tardias
São ironias
Dos deuses desleais.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dia dos Mortos

(...) este tormento
Quotidiano;
(....) este lume secreto que nos queima
E que, mesmo apagado ou dominado, teima".
Miguel Torga


Doem-me mais os mortos que ainda vivem.......
Ah! como doem!
Ah que cavalos sao aqueles que fazem sombras no mar?


sábado, 31 de outubro de 2009

Recebí para meu blog, um "sêlo" de "Instigante".
Foi-me oferecido pelo Carlos Albuquerque,
CONVERSAS DAQUI E DALI, o qual admiro muito!
Agradeço ao Carlos pela imensa alegria que senti,
pelo teu gesto de sensibilidade e carinho,
diante de Blogs excepcionais, dentre os muitos que também sigo.
Percebo como o reconhecimento, a identificação,
dão-nos mais força e desejo em continuar a escrever.
Abraços e obrigada Carlos.
“Blogs que, além da assiduidade das postagens e do esmero com que são feitos,
provocam-nos a necessidade de reflectir, questionar, aprender e
– sobretudo – que instigam almas e mentes à procura de conhecimento e sabedoria.”

Antônio Lôbo Antunes

Ouvi a entrevista que ALA deu ao Mario Crespo, na SIC,
quando do lançamento do seu último livro :
“Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?” .
Difícil seria não emocionar-me diante de tanta sensibilidade,
emoção, encontro, além da minha identificação e admiração
pelo homem e escritor.
Muitas vezes, ao escutá-lo refletir sobre o cotidiano,
sobre as pessoas, sobre o universo português,
e sobretudo sobre o homem,
sou tomada pelo raro sentimento de identificação,
como se sua palavras ecoassem e pudessem ser entendidas
através dos "vasos comunicantes" que ele tão bem fala.
O nosso sonho, como diz ele, é que possamos ser entendidos
mesmo sem palavras.
Vai aqui parte da entrevista que ele deu a Lusa,
e o link para ouvir a entrevista na SIC.
Aproveitem que vale muito a pena,
se calhar uma das coisas mais ternas que já ouví.


Lobo Antunes apresenta "Que Cavalos são Aqueles que fazem Sombra no Mar?"
"Criar - ou tentar criar - é um ofício de trevas",

defendeu hoje, António Lobo Antunes,
no lançamento do seu novo livro,
"Que Cavalos são Aqueles que fazem Sombra no Mar?".
O escritor apresentou o livro esta quinta-feira
no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz em Lisboa.

"Criar é um ofício de trevas", diz António Lobo Antunes
Depois de afirmar que "é muito difícil falar de um livro"
e de citar o seu falecido amigo José Cardoso Pires,
que dizia que nenhum escritor gostava de falar
sobre o que escrevera, Lobo Antunes tentou,
embora admitindo: "Há ali uma parte que me escapa".
Falou de um verso de Ovídio que sempre o obcecou
e continua a obcecar - "Lentos, lentos ide, ó cavalos da noite"
- do seu quadro preferido, "As Meninas" de Velásquez,
e de uma frase de Einstein citada pelo pianista Alfred Brendel:
"É preciso fazer as coisas o mais simplesmente possível
mas não mais simplesmente do que isso".
Observou, depois, que
"a arte é a nossa única hipótese de vitória sobre a morte".
"Daí o medo que existe da arte -
é que ela contém em si uma outra forma de olhar para as coisas,
que nós recusamos.
Então, é muito tranquilizador as telenovelas,
aquilo a que chamam 'literatura light',
que não sei o que é...
todas essas formas de expressão de sentimentos que nos impedem,
de facto, de entrar no íntimo de nós", referiu.
Editado pela Dom Quixote, do grupo Leya,
"Que Cavalos são Aqueles que fazem Sombra no Mar?"
foi apresentado pela vice-reitora da Universidade de Coimbra,
Cristina Robalo Cordeiro, amiga de Lobo Antunes, com sala cheia.
A Professora catedrática começou por falar de toda a obra do escritor,
para atribuir o seu sucesso
a "um paradoxo de enunciação relativamente simples:
os romances de Lobo Antunes fascinam apesar de nos incomodarem e,
em larga medida, fascinam porque nos incomodam".
Considerando que "estes cavalos saem
da mesma matriz que alimentou os livros precedentes",
Cristina Robalo Cordeiro sustentou que,
"em modo sempre obsessivo,
são três as grandes oposições que marcam o texto,
como motivos estruturantes e configuradores".
"A primeira - enumerou - incide no próprio tecido textual que,
embora desenhado pelas forças da polifonia e do caos,
da dissecação de figuras disfóricas e da obstinação de memórias labirínticas,
tão nossas conhecidas,
controla o fluxo verbal em rigorosa ordenação compositiva".
A segunda oposição - prosseguiu
- "desorienta a leitura e instaura uma 'estética do desprazer',
provocando no leitor uma oscilação entre o desconforto e a fruição".
Por fim, a terceira oposição
- aquela que a académica classificou como "a mais surpreendente"
- "inscreve-se de imediato no título:
porquê enunciar com uma frase tão lírica
o universo sórdido da triste realidade humana
em que a narrativa nos fará entrar?".
A terminar a sua intervenção,
António Lobo Antunes anunciou a intenção
de "continuar a viver com a orgulhosa humildade"
com que sempre tem vivido e concluiu com uma frase de Newton:
"Não sei o que o futuro pensará de mim.
Sempre me imaginei uma criança a brincar na praia,
que às vezes encontra um seixo mais polido,
uma conchinha mais bonita,
enquanto o grande oceano da verdade permanece intacto à minha frente".
Lusa

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasCultura/2009/10/que-cavalos-sao-aqueles-que-fazem-sombra-no-mar-lobo-antunes-a-conversa-com-mario-crespo.htm

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasCultura/2009/10/criar-e-um-oficio-de-trevas-diz-antonio-lobo-antunes.htm

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Insensatez


Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi fraco assim

Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão

Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão

Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado
(Vinicius e Tom Jobim)

********

Quem canta, seus males espanta........
O sabor de eu sempre vou te amar,
Por toda a minha vida.
Canta.

Tom Jobim e Vinicius,
a maior poesia em forma de canção:



http://www.youtube.com/watch?v=PHIe9B5plDI&feature=related










Praia de Corumbau