sábado, 28 de agosto de 2010

O CINEMA E A POESIA


Brilho de uma Paixão (Bright Star - Reino Unido/Austrália/ França/2009)

Em 1819, o poeta John Keats inicia um romance com Fanny Brawne.
O relacionamento dura apenas três anos,
sendo subitamente interrompido
pela morte prematura de Keats, aos 25 anos.
Uma história de amor real,
narrada sob o ponto de vista da jovem Fanny.

A poesia de Keats, a magia do cinema,
Eis um raro momento de beleza,
Tão raro e ao mesmo tempo tão presente.
E a vida segue repleta de contrastes.

John Keats nasceu em outubro de 1795 na Inglaterra,
sem imaginar que se tornaria um dos maiores poetas do romantismo inglês.
Estudou medicina mas abandonou a carreira
para buscar na poesia "a verdade da imaginação".
Suas "odes" se tornaram uma grande influência
para escritores e críticos do século XXI
- como os versos finais de "Ode sobre uma urna grega" ,
considerados enigmáticos e ainda discutidos por estudiosos da poesia inglesa:
"Beleza é verdade, a verdade da beleza
É tudo o que há para saber e nada mais"
Considerado muito espirituoso, simpático e inteligente,
Keats circulou entre autores importantes da época como Leigh Hunt e Shelley.
Seus primeiros livros de poesia não foram aceitos pela crítica,
mas o próprio Keaton (como num presságio) considerou "coisas de momento"
- disse o poeta: "Acho que estarei entre os poetas ingleses depois da minha morte".
Suas cartas são consideradas de inteligência singular,
com informações sobre o que considerava poesia
como a famosa frase "se a poesia não surgir tão naturalmente quanto as folhas em uma árvore,
é melhor que não apareça mesmo".
Keaton morreu cedo, aos 25 anos, de tuberculose.


Endymion (trecho)
O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa vida.


Endymion (trecho)

A thing of beauty is a joy for ever:
Its loveliness increases;
it will never Pass into nothingness;
but still will keep
A bower quiet for us, and a sleep
Full of sweet dreams, and health, and quiet breathing.
Therefore, on every morrow, are we wreathing
A flowery band to bind us to the earth,
Spite of despondence, of the inhuman dearth
Of noble natures, of the gloomy days,
Of all the unhealthy and o'er-darkened ways::
Made for our searching: yes, in spite of all,
Some shape of beauty moves away the pall
From our dark spirits. Such the sun, the moon,
Trees old and young, sprouting a shady boon
For simple sheep; and such are daffodils
With the green world they live in; and clear rills
That for themselves a cooling covert make
'Gainst the hot season; the mid forest brake,
Rich with a sprinkling of fair musk-rose blooms:
And such too is the grandeur of the dooms
We have imagined for the mighty dead;
All lovely tales that we have heard or read:
An endless fountain of immortal drink,
Pouring unto us from the heaven's brink.
KEATS, John. "From Endymion" / "Do Endymion".
In: CAMPOS, Augusto de. Byron e Keats: Entreversos.
Traduções de Augusto de Campos. Campinas: Editora Unicamp, 2009.




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