LEMBRANÇAS
Rosas roubadas e doces memórias, com também gestos de ternura escondida.
Palavras como “mariquices” levam-me a lembranças tardias,
ausentes, distantes, perdidas a muito.
Lembranças!
Foi Clarice também, a Lispector sim, como o Lobo Antunes,
ou o Drumond, quem sabe ao certo?
Gestos esquecidos, fora de moda, quase impossíveis,
que escondem ternura inquieta, coração a palpitar;
exalar dos perfumes e por vezes o sobressalto;
flagrada pela suavidade, pelo encanto do simples encanto das pétalas e do frescor de gotas que nas mãos caíam.
Eram em profusão;rosas,vermelhas, brancas,amarelas,graúdas, e meninas,
tantas então!
Nomeavam-se; algumas tinham estirpe e classe,
outras brotavam, a toa, pouco exigentes , brotavam, para encantar, enternecer.
Minha casa era ladeada por muitas, cheias de elegância e suavidade.
Canteiro eterno, sempre a florir, brotar.
Que desejo hoje tolo, roubar rosas aos jardins,
partir talos, tirar espinhos e aspergir a beleza e suavidade da vida,
como se fora a esperança única de delicadeza e paixão.
Doces lembranças, gestos únicos de candura e poesia.
Ah! quantas “mariquices” nestas palavras;
saudades, lembranças, ternuras, palavras não ditas, esquecidas,
pueris talvez, eternas sempre.
Poucos canteiros, tantas rosas!
Carmen Bastos
“Faltam cinco minutos para as 23 horas”
Há uma semana
Porque "l'important c'est la rose"!
ResponderExcluirRecordações, tempo efémero. Nada é mais triste do que uma rosa em agonia.
Mas nas recordações, elas vibram, sempre vivas. Ainda e sempre.
Tanta Poesia nas suas palavras, Carmen.
ResponderExcluirE um Oceano que separa dois mundos, une tudo através da palavra