terça-feira, 1 de setembro de 2009

E POR FALAR EM SAUDADES...........................
Trago Maria (O Cheiro da Ilha) novamente a mim.
Bem vinda, sempre.

UM AMOR SEM MEDIDA

Não meço as saudades que te tenho.
Não posso. Porque não têm medida.
Já sequei as lágrimas que me faziam rio.
Agora só o brilho do olhar me denuncia.
Todos os poemas de amor que escrevo são para ti.
Porque foste o amor primeiro.
E porque amor primeiro, o mais menino, o mais verdadeiro.
O mais criança, ainda. Hoje.
Por que tem que ser assim, por que foi assim, não sei.
Porque te perdeste de mim se eu nunca te perdi…
E porque me perdi de ti se tu nunca me perdeste…
Ah, se eu soubesse responder…
Chovo, outra vez.
Não meço as saudades que te tenho.
Porque não posso.
Porque o nosso amor é um amor sem medida…
Respirei, outra vez.
Às vezes sufoco de me ler. Ou de te ler. Ou de ler por aí…
Agora respiro!

Quando chego ao Blog do Rogério, está lá também o que eu já havia postado, sem saber....e por falar em saudades!
Estamos todos sintonizados estes dias, na saudade!


E por falar em saudade...
(Rogério Charraz/Tubo de Escape blog)

«Essa palavra saudade. Ninguém a quer mas nós, portugueses, nascemos com ela.
Sempre desconfiei de positivismos,
mas sobre este assunto sou particularmente feroz: é atavismo nacional e mais nada.
Não há ciência que o possa explicar.
A parte bonita - e ao mesmo tempo triste -
é que espalhámos a saudade como uma pandemia.
E no entanto não a conseguimos traduzir, a não ser no momento em que a sentimos.
De nada valem os esforços para lhe arranjar étimos distantes:
a teoria mais aceite é que venha do latim solitas,
solitatis (para solidão) e que tenha sofrido influência dos vocábulos latinos
que significam saúde ou saudar.
Pouco importa: é objectivamente intraduzível.
Há cinco anos atrás uma empresa de tradução britânica,
a Today Translations, elaborou uma lista das palavras mais difíceis de traduzir.
"Saudade" ficou em sétimo lugar.
A concorrência, há que dizê-lo, era de peso:
em primeiro lugar ficou a expressão congolesa "ilunga",
que quer dizer mais ou menos (espero que tenham tempo para o que se segue)
"pessoa que está disposta a perdoar maus tratos pela primeira,
pela segunda mas nunca pela terceira vez". Justo vencedor.
Outra difícil era a polaca "radioukacz": "alguém que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resitência ao domínio soviético nos países da Cortina de Ferro".
Mais perto de nós, em todos os sentidos, está outra palavra intraduzível,
a árabe "altaham", que designa um tipo de tristeza profunda.
E depois vem a saudade: em sétimo lugar, sim
- mas a única cujo significado não é consensual.
Mas não é só a dificuldade de tradução ou descrição
que torna difícil falar de saudade sem apelar a artes poéticas ou,
no pior dos casos, ao lugar-comum.
É o anacronismo* do próprio sentimento que a palavra evoca. S
audade, pensava eu, já não pertence a este tempo de comunicações rápidas,
prácticas mas impessoais. (...)
A saudade, neste espírito do tempo em que imperal emails,
redes sociais e sms escritos em estranho dialecto, corre o risco de extinção.
As gerações mais novas não têm tempo para sentir saudades,
quando a distância pode ser vencida através de um computador e uma web cam.
Como é hábito, não tenho razão.
A saudade existe, e está viva nos novos portugueses.
Encontra-se nos lugares mais improváveis, mas é a mesma.
Talvez apareça noutra forma, em versão 2.0, mas está lá e é fácil prová-lo.
Tome-se o caso da mais popular rede social da Web, o Facebook.
Mais de 124 milhões de almas comunicam entre si todos os dias através desta ferramenta.
É um óptimo lugar para reencontrar amizades que se julgavam perdidas,
ou despertar paixões que se julgavam dominadas. (...)
Pois é aqui que a saudade também vive.
Os utilizadores não portugueses do Facebook
têm comentários típicos às memórias que lhe são apresentadas:
"Lembro-me bem desse dia: grande bebedeira",
ou outras constatações objectivas são o limite a que se atrevem.
Os portugueses não: vêem um lugar, uma pessoa, uma canção e a resposta é imediata:
"Que saudades!"(...)Ter saudade não é privilégio nem exclusivo nacional.
Nós apenas nascemos assim.(...)
Bernardim Ribeiro escreve o mesmo, de forma ainda mais bela,
no Menina e Moça: "[...] a tanta tristeza cheguei,
que mais me pesava do bem que tive que do mal que tinha."
»Extracto da crónica "Essa palavra saudade", de Nuno Miguel Guedes,
publicada na revista Nós Saudosistas, que acompanhava o jornal i.
Como português de gema que me assumo,
dedico este texto a todos aqueles de quem sinto saudades neste momento.
Aos que já partiram deste mundo.
Aos que vivem fisicamente longe (de Vilar Formoso, ao Alentejo e arredores).
Aos que moram perto mas que por diversas razões têm estado longe.
Aos que estão de férias.
Aos que estão em recuperação ou em refúgio.
A todos os que me povoam o meu pensamento amiúde... que saudades!
Nota 1: Fiquei a pensar se serei ou não "ilunga"...
Nota 2: Para os que, como eu, não sabiam o que é um anacronismo,
aqui vai:*anacronismos. m.1. Erro cronológico.
2. Coisa a que se atribui uma época em que ela não tinha razão de ser.

2 comentários:

  1. Aqui a SAUDADE está quase ao virar da esquina. Uma casa linda e um ambiente fantástico.
    Em Sintra, Portugal.

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  2. Um dia irei a este "barzinho" que tem um astral muito bom. E Despedida de mim, outra Carmen voltará breve, breve.............iva Sintra.

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