terça-feira, 9 de março de 2010

CHICO BUARQUE na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

"Você não gosta de mim, mas sua filha gosta......" (Chico Buarque)


Quando estive no Rio de Janeiro, em janeiro deste ano,
encontrei uma preciosidade na livraria da Biblioteca Nacional:
o livro "Chico Buarque, o Tempo e o Artista".
Uma edição bem brasileira,dificilmente encontrada fora do Brasil.
O SESC (Serviço Social Comercio) publicou,
com a curadoria de Zeca Buarque Ferreira,
edições e textos Regina Zappa.
(Posto novamente sobre o livro)

Meu pai foi um amante da boa música.
Proporcionou-me o conhecimento da música clássica,
as valsas, as grandes orquestras, o jazz, o som do sax,
os tangos, boleros, a música internaciional,
as grande melodias do cinema, óperas,
além da grande música popular brasileira da época,
principalmente a música romântica.
Apreciava a música na sua essência;
as palavras, os sons e o rítmo,
diziam mais que simplesmente o gênero musical.
Assim começava a minha grande paixão pela música,
diversificada, diferente do que ouvia a maioria dos amigos.
Entretanto a música romântica, era a mais ouvida por meu pai.

Depois veio o Iê-Iê-Iê, a Jovem Guarda, os Beatles
a Bossa Nova, a tropicália, e toda música popular brasileira dos anos 60, 70.
Inusitadamente meu pai não aderiu a ela.
Os novos registros, rítmos, sons, as dissonantes,
as canções de proteto, os grandes festivais, marcavam época.
Predominavam os temas sócio-políticos.
A música popular brasileira, a partir daí,
seria grande instrumento de denúncia da falta de liberdade.
Os nossos poetas se especializaram na metáfora.
Chico Buarque entre outros, cultivou a metáfora.
O que o verso dizia não era exatamente o que o verso dizia.
Chico foi o meu primeiro ídolo.
Dele também foi o primeiro disco presenteado por uma amiga, aos 15 anos,
onde Chico posava ao lado do violão,
na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
No meu quarto um grande poster do cantor, com a camisa do Fluminense,
levou-me a aprender o hino do tricolor e tornar-me fã do time carioca.
Foram também de Chico todas as letras memorizadas detalhadamente,
admiradas e sentidas com emoção.

Não consegui tornar meu pai fã do Chico,
costumava dizer que meus cantores prediletos não "possuíam voz".

Falando em música, lembrei-me de um acontecimento insesquecível,
apesar da música não ser do Chico.
Em 2008, no som do meu carro, meu pai ouviu "Fascinação".
Creio que foi a última conversa que tivemos sobre música.
Ele confidenciou-me que era sua música predileta,
e ouviu repetidamente com emoção.


Fascinação

Os sonhos mais lindos, sonhei
De quimeras mil, um castelo ergui
E no teu olhar tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação
amor
Vivo com o passado, a sonhar
Vendo-te, ainda, em meu coração,
Mas, tudo, promessas, quimeras, mentiras,
Da tua Fascinação









Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro/Brasil
Suntosidade e beleza!

4 comentários:

  1. " Você não gosta de mim...mas eu gosto de você "

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  2. Você é um querido, e será sempre.
    Abçs

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  3. Impossível falar da música brasileira sem citar Chico Buarque. tem uma obra imensamente linda. É o maior intelectual do Brasil. E essa música Fascinação é sensacional. Parabéns.Beijos

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  4. Olá Carmen,
    Linda a foto da Biblioteca do Rio de Janeiro
    E a música Fascinação de Chico Buarque... nem imaginas o quanto marcou aqui em Portugal uma época. Todos sabiamos de memória essa música...Os sonhos mais lindos sonhei. Obrigado por me recordares isso.
    Beijos de Portugal da tua amiga Sara

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