segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ainda é 23/11.............

POEMA DA DESPEDIDA
[Mia Couto]

Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.










Itacimirim/Bahia

4 comentários:

  1. "Não é esse sossego que eu queria...". LIndo poema, gostei muito de ler algo assim logo no começo da semana.Beijos

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  2. Carmen

    Sabe que gosto de Mia Couto. Vou passar-lhe um poema que eu adoro, pela simplicidade. Não sei se conhece:

    A primeira vez da idade

    A vez
    que tive mais idade
    foi aos cinco anos.

    Meu pai
    com solenidade que eu desconhecia
    perante seus superiores hierárquicos,
    apontou e disse:

    - Este é meu filho!

    E deu-me a mão
    coroando-me rei.

    Maputo 2005

    Paz e Luz no seu caminho

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  3. Olá, Carmen!
    Lindo o poema!
    Em prosa ou em verso as palavras de Mia Couto encantam. Ele põe amor em tudo o que escreve.
    Esta frase é dele:
    "O amor é a mãe de toda a coisa viva"
    (In, "UM RIO CHAMADO TEMPO,UMA CASA CHAMADA TERRA").
    Bom fim-de-semana.
    Beijos

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  4. Como eu gosto destas palavras...
    Deixo um abraço para ti na beira do mar

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