segunda-feira, 27 de junho de 2011

MEIA NOITE EM PARIS

Até Pensei
              (Chico Buarque)

Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caia, toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
Eu andava pobre, tão pobre de carinho
Que, de tolo, até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida me ensinou essa modinha
Que, de tolo, até pensei que fosse minha...


Foi por uma grande motivo que Woody Allen
abriu o festival de Cannes deste ano.
Uma ode de amor a Paris e aos seus habitantes ilustres,
através de roteiro criativo, alegre, lúdico e cheio de imaginação.

Um conto de fadas bem moderno,
aproximando-nos do cotidiano de ilustres nomes da França nos anos 20, 
como Picasso, Lautrec, Cole Porter, Hemingway, Scott Fitzgerald,
Salvador Dalí, Luís Buñuel, Matisse,T.S. Eliot e tantos outros.
Encanta-nos a boemia parisiense, a magia da noite
e a poesia nos diálogos e nas descobertas do personagem principal,
um jovem romantico e encantado com Paris.
“Se você tiver a sorte de ter vivido em Paris quando jovem,
não importa por onde ande pelo resto de sua vida,
leva isso junto, porque Paris é uma festa ambulante”,
escreveu Hemingway em Paris é uma festa, seu livro de memórias
publicado postumamente, em 1964.

No cinema esperei até conferir a trilha sonora, maravilhosa,

com belíssimos arranjos.
Cole Porter cantando "Let's do it",
abre e encerra  o filme de maneira brilhante.
Eis aqui:

Let’s do it – Cole Porter

Si tu vois ma mère – Sidney Bechet
You do something to me – Cole Porter
Ain’t she sweet – Enoch Light and the Light Brigade
Charleston – Enoch Light and the Light Brigade
La Conga Blicoti – Jospéhine Baker
You’ve Got That Thing – Cole Porter
Cancan – Offenbach
Parlez moi d’Amour – Juliette Greco

Além de tudo isso, W.Allen consegue questionar o sentido da vida.
O homem certamente vê mais poesia no tempo que passou,
achando que outro lugar e outro tempo seriam mais adequados
para a sua vida e para sua realização.
Também é inerente ao homem pensar que outras vidas
seriam melhores de ser vividas. Lêdo engano!
É muito interessante quando o personagem principal do filme,
Gil Pender (Owen Wilson), vê a personagem Adriana,
que vivia o papel da amante de Picasso,
ao voltar no tempo, fascinada pela Belle Époque,
que foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa,
que começou no final do século XIX (1871).
Cada tempo tem seu fascinio, seu charme, sua poesia,
e traz novos modos de pensar e viver o cotidiano.



Meia Noite em Paris é para mim, acima de tudo, uma grande hstória de amor.
O amor de W.A pelo cinema, o amor por Paris,
pela música, pela literatura, pela vida! 

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