Meia-noite.
Fim de um ano,
início de outro.
Olho o céu:
nenhum indício. Olho o céu:
o abismo vence o olhar.
O mesmo espantoso silêncio
da Via-Láctea
feito um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho estelar
que sonha
(e luta)
Itacaré - Bahia
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